No mês de março, a classe dos “Restaurantes, Cafés e Estabelecimentos Similares” registou uma inflação de 10,4% (igual a fevereiro 2023), de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). No entanto, os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, principal matéria-prima da restauração e similares, mantêm-se em níveis de inflação muito elevados, registando uma variação homóloga de 19,6% (-1,9 p.p. face a fevereiro).
Apesar da ligeira descida nos preços dos produtos alimentares, e também no Índice de Preços no Consumidor de 7,4% (-0.8 p.p. face a fevereiro), certo é que a disparidade em relação à inflação dos restaurantes e similares continua a revelar o que a AHRESP tem vindo a alertar: são as empresas que têm acabado por assumir grande parte do aumento dos custos e não o consumidor final.
Neste sentido, os dados do INE não deixam margem para dúvidas sobre os aumentos muito superiores das principais matérias-primas das empresas do canal HORECA em relação à subida dos preços das refeições.
Entre os produtos alimentares que mais têm aumentado destacam-se os produtos hortícolas (35,4%); leite, queijo e ovos (27,9%); pão e cereais (18,7%); carne (17,7%); óleos e gorduras (17,4%); peixe, crustáceos e moluscos (11,9%).
Tal como a AHRESP já deu nota, a par da medida “IVA zero” no cabaz dos produtos alimentares, exclusivamente destinada às famílias e sem impacto para as atividades económicas da restauração e similares, é da maior urgência a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas, de modo a reter-se tesouraria nas empresas.
O sucessivo aumento dos custos (em particular os laborais), a perda de poder de compra das famílias (por culpa do aumento das taxas de juro), que já se faz sentir na atividade das nossas empresas, colocam em risco a sustentabilidade dos negócios e a manutenção dos postos de trabalho. É por isso essencial a disponibilização urgente de mecanismos de apoio às empresas que estão sem capacidade de gerar meios financeiros adicionais.