Dia do Padeiro celebrado em Mafra: “Futuro do pão não se amassa sozinho”

Jul 9, 2025

Mafra acolheu uma programação especial da Plataforma Nacional do Pão, integrada no Festival do Pão, que decorre até 13 de julho, no Jardim do Cerco. O Dia do Padeiro (8 de julho) foi assinalado com uma iniciativa que homenageou toda a cadeia de valor da panificação, destacando o papel essencial dos profissionais que mantêm viva a arte de fazer pão — com amor, saber e sabor, aliando a tradição à inovação

© Fotografia: getSMART (Nuno Martinho)

A 8 de julho, Mafra foi palco de uma homenagem a toda a cadeia de valor da panificação, numa celebração promovida pela Plataforma Nacional do Pão (PNP), da AHRESP, no âmbito do Festival do Pão. A iniciativa destacou os profissionais que, com saber, dedicação e visão, mantêm viva a arte de fazer (bom) pão.

No âmbito do Fórum do Pão, espaço de encontro e reflexão, debateu-se o futuro do setor, a sustentabilidade, o papel do consumidor e a preservação das práticas ancestrais. Como se ouviu ao longo da iniciativa, a receita de um bom pão faz-se com os melhores ingredientes da tradição e da inovação.

A sessão foi aberta pelo historiador da alimentação Virgílio Gomes, que abordou “O Pão que mudou o mundo: Histórias de padeiros que fizeram a diferença”. O investigador sublinhou a importância de conhecer o passado da panificação como forma de valorizar o presente: “O pão não mudou o mundo sozinho. Foram os padeiros — com os seus gestos e persistência — que o fizeram.”

Seguiu-se uma intervenção em vídeo de Elisabete Ferreira (que pode ver AQUI), da Padaria Pão de Gimonde (Bragança), distinguida como Melhor Padeira do Mundo, que sublinhou que o padeiro é um profissional central na confeção do pão mas que depende de uma cadeia de agricultores, produtores, distribuidores, sem a qual o pão não pode ser feito nem apreciado pelo consumidor final: “Temos de fazer produtos verdadeiramente inovadores e mostrar algo bom a quem consome. O futuro do pão não se amassa sozinho — faz-se com visão, partilha e muito orgulho nesta profissão.” Recordou ainda que, apesar da chegada da tecnologia — tablets, fornos modernos, medidores de pH —, “a farinha continua a sujar-nos as mãos”, realçando o contributo da tecnologia, mas também a importância de manter o lado humano e artesanal.

O debate “O Padeiro do Século XXI: Tecnologia ou Tradição?” reuniu José Miguel Leitão (Clube Richemont), Patrícia Miguel (Projeto BRUTA / Padaria Brutalista, Coimbra) e Paulo Bernardo (Padaria La Mancha, Mafra), com a moderação de Susana Leonardo, gestora da PNP. Em destaque estiveram os desafios de um setor em transformação e a importância de comunicar melhor o valor do pão a um público cada vez mais atento à transparência, à nutrição e à história por trás do que consome.

Foi consenso entre os participantes que a PNP tem um papel central na união do setor, na valorização da profissão, na divulgação dos produtos, dos processos e dos negócios, e na criação de condições para que o bom pão português ocupe o lugar que merece — no centro da mesa e da cultura alimentar nacional.

Entre os presentes estiveram Pedro Carmo Silva, vereador da Câmara Municipal de Mafra, Carla Salsinha, presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, e Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.

Mais do que celebrar um alimento, este conjunto de iniciativas homenageou os que, com amor, rigor e visão, continuam a moldar — todos os dias — a identidade do pão em Portugal.

SOBRE A PLATAFORMA NACIONAL DO PÃO

A PNP, sediada em Mafra, nasceu de um desafio lançado à AHRESP pela Câmara Municipal de Mafra e assume-se como um espaço colaborativo único, que junta todos os intervenientes do setor da panificação em Portugal. Integra produtores de cereais, moleiros, padeiros, profissionais da distribuição, consumidores, entidades académicas, organismos públicos, associações e muitos outros agentes ligados ao pão.

A missão de reunir toda a cadeia de valor orienta cada passo da plataforma, promovendo a partilha de saberes, a valorização da produção tradicional e o fortalecimento de laços entre todos os participantes. O diálogo aberto e a cooperação são centrais, permitindo enfrentar desafios comuns e explorar novas oportunidades em conjunto.

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