Leia na íntegra o artigo de Opinião de Ana Jacinto na página do Diário de Notícias
A secretária-geral da AHRESP reflete, neste artigo, sobre o impacto da democratização do acesso à informação e o fluxo incessante de dados, que nem sempre primam pelo rigor e veracidade.
“A legitimidade da informação sempre esteve ancorada em instituições que, ao longo de séculos, construíram a sua reputação através da responsabilidade e compromisso com a verdade”, sublinha Ana Jacinto. Confia-se que “comunicação social, universidades de referência, organizações que verificam os factos pautam a sociedade pela fiabilidade do que publicam”, contudo, “num mundo onde um título sensacionalista nas redes sociais pode ter mais impacto do que um estudo revisto por pares, a sua autoridade é constantemente desafiada”.
Como efeito deste cenário de crise de credibilidade, a secretária-geral da AHRESP a fragilidade crescente das democracias Ocidentais como um dos sintomas mais evidentes: “Num cenário onde a desconfiança nas instituições aumenta, os populistas encontram terreno fértil para minar os valores democráticos, promovendo narrativas que alimentam o descrédito na imprensa, na ciência e nas organizações que sempre gozaram de idoneidade. A verdade absoluta perde espaço para ‘a verdade conveniente’, ajustada aos interesses de quem melhor manipula a comunicação”, avalia Ana Jacinto. E quando “uma organização abdica da sua responsabilidade pública, perde o direito à sua própria existência. Deixa de ser vista como confiável e adequada ao seu propósito, comprometendo a sua capacidade de influência e ação”. Fica a questão: “Afinal, sem credibilidade, o que nos resta?”