Ana Jacinto mantém-se firme no alerta que a AHRESP lançou em 2023 e que insiste em 2024: apesar dos bons números do turismo, as dificuldades nas tesourarias das empresas de restauração são elevadas.
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Excerto da entrevista
“É importante estarmos atentos porque as microempresas, sobretudo da restauração, dependem mais do mercado interno que perdeu algum poder de compra e desde a pandemia que não têm tido dias muito felizes. Sofremos a inflação, sobretudo a alimentar, os custos energéticos, as taxas de juros e os empréstimos COVID – que sempre dissemos que não era um benefício para as empresas.”
“As empresas estão tremendamente asfixiadas, estamos a trabalhar basicamente para pagar custos. E quando digo custos, englobo também os encargos fiscais e contributivos.”
“Existem algumas linhas de financiamento, só que não podemos cair sempre no erro de pensar que estamos a falar para um setor que é letrado e que consegue facilmente recorrer a instrumentos financeiros de um Banco de Fomento. É um tecido empresarial muito micro e tudo isto tem de ser muito ágil. O melhor exemplo que temos foi na altura da covid, as linhas de apoio do Turismo Portugal eram linhas muito fáceis, muito ágeis, muito rápidas, até as linhas covid associadas à banca era um constrangimento para as empresas. A AHRESP teve de ajudar todo este tecido empresarial. Temos de olhar para aquilo que temos, não podemos esquecer que continuamos a ter empresários que nem sequer um e-mail têm, esta é a realidade. E se queremos que estas empresas sejam elegíveis temos de dar condições para estas empresas serem elegíveis e recorrerem, porque senão é a mesma coisa do que não termos linhas de apoio.”
“O Governo já tem as medidas [14 medidas AHRESP para 100 dias de Governo]. Estamos a falar com o secretário de Estado que conhece muitíssimo bem os nossos setores e que conhece muitíssimo bem as empresas que a AHRESP representa. Há muito tempo que trabalhamos com o senhor secretário de Estado noutras funções. E isso facilita-nos, desse ponto de vista, a nossa vida.
Quanto ao nosso pacote de medidas, por exemplo, ao nível da fiscalidade, defendemos a reposição, sem exceção, da taxa intermédia de IVA. Sempre defendemos a taxa intermédia para todos os serviços de alimentação e bebidas. O Governo anterior deixou na taxa máxima as bebidas que não fossem de cafetaria e água lisa, e no orçamento de 2024, estendeu a taxa intermédia a todas as bebidas com exceção dos refrigerantes e as bebidas alcoólicas. Não faz sentido nenhum, causa imensa confusão, não se percebe esta diferenciação que ainda persiste, é confuso para os empresários e para os consumidores.”