O que significa para a região acolher este evento, este ano, no Algarve?
Ana Paula Martins [APM]: Acolher este evento no Algarve é um reconhecimento da riqueza e diversidade da nossa gastronomia regional. Significa a valorização os nossos produtos locais, dos nossos produtores e dos nossos restaurantes, mostrando que o Algarve é muito mais do que sol e praia. É também uma oportunidade de afirmar a gastronomia como um dos pilares do nosso turismo, contribuindo para atenuar a sazonalidade e para atrair visitantes que procuram experiências autênticas e de qualidade.
Qual a importância que atribui à gastronomia e em especial aos bivalves na promoção do turismo nesta região?
APM: A gastronomia é fundamental para criar experiências turísticas memoráveis e diferenciadas. Os bivalves são um tesouro da costa algarvia, e em particular, da Ria Formosa. Estes produtos frescos e de qualidade excecional, atraem turistas que procuram a autenticidade dos sabores do mar. Para Tavira, os bivalves são parte da nossa identidade gastronómica e uma mais-valia que nos distingue, especialmente quando preparados segundo as tradições culinárias locais.
Este é o terceiro ano que a AHRESP assinala o dia, num território diferente, procurando dar a conhecer a riqueza de toda a nossa gastronomia. Como vê esta iniciativa e o facto de ser descentralizada em cada ano?
Esta descentralização é exemplar e estratégica. Permite dar visibilidade a diferentes regiões e produtos, mostrando a diversidade gastronómica portuguesa. Cada território tem as suas especificidades, os seus produtos distintivos e as suas tradições culinárias. Ao percorrer diferentes regiões, a AHRESP está a contribuir para um mapeamento gastronómico nacional que valoriza tanto os produtos como os territórios, criando uma verdadeira rede de promoção da gastronomia portuguesa.
Saliento o papel de Tavira como comunidade portuguesa representativa da Dieta Mediterrânica, reconhecida pela UNESCO desde 2013, e a estratégia assumida, com diversos parceiros, para a sua salvaguarda.
Quais as iniciativas que a Câmara Municipal de Tavira tem regularmente para promover a gastronomia algarvia e quais os resultados que essas iniciativas têm alcançado na promoção do turismo interno e externo?
APM: Saliento o papel de Tavira como comunidade portuguesa representativa da Dieta Mediterrânica, reconhecida pela UNESCO desde 2013, e a estratégia assumida, com diversos parceiros, para a sua salvaguarda.
As principais iniciativas incluem a emblemática Feira da Dieta Mediterrânica, que reúne expressões culturais diversas, e onde a gastronomia tem grande destaque. Desenvolvemos o programas culturais e educativos (“Cabaz da Terra”, por ex.), que ligam diretamente as famílias aos conhecimentos dos produtores locais e aos chefes de cozinha, valorizando os produtos da terra.
No âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico, recentemente aprovado, a Dieta Mediterrânica é posicionada como eixo diferenciador central. Este plano identifica claramente a gastronomia como produto prioritário, integrando roteiros enogastronómicos, demonstrações culinárias, programas combinados de caminhada com gastronomia, e promoção de estilo de vida e alimentação saudável.
Recentemente foi desenvolvido o website visitartavira.pt que igualmente destaca os nossos restaurantes e riqueza gastronómica local. Conseguimos combater a sazonalidade oferecendo experiências gastronómicas durante todo o ano, posicionando Tavira como referência no turismo gastronómico de qualidade.
Nomeie dois pratos icónicos que não podem deixar de ser provados no seu concelho.
APM: É difícil resumir a riqueza gastronómica de Tavira a apenas dois pratos, mas se tivesse de escolher, indicaria não dois, mas três pratos essenciais – e muitos mais poderia indicar. É impossível visitar o concelho de Tavira sem provar um prato de polvo em Santa Luzia, conhecida como a “capital do polvo” e onde a tradição de o confecionar em panelas de barro, com cebola, alho, azeite e vinho branco, torna-o numa experiência gastronómica autenticamente local. Depois, Tavira tem uma ligação histórica com a pesca do atum, e um prato como o atum de cebolada representa essa tradição. O atum fresco, cozinhado com cebola, tomate e pimentos, é uma especialidade que reflete a simplicidade da cozinha tradicional da região.
Por fim, na serra de Cachopo, a tradição pastoril mantém-se viva e os estufados (de Coelho Bravo ou Javali), representam a vertente serrana da gastronomia de Tavira, completando o retrato gastronómico do concelho que vai do mar à serra.
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