hotel 4.0 Portugal Summit | Inovação e transformação digital no turismo português

Mai 9, 2022

No Painel 'Inovação e transformação digital no turismo português', no âmbito do hotel 4.0 Portugal Summit, discutiu-se o papel da inovação e digitalização como fator de competitividade e a forma como já contribuiu para transformar, e muito, o destino Portugal aos olhos do mundo

O Painel ‘Inovação e transformação digital no turismo português’ contou com os contributos de Marie Audren, Diretora-geral da HOTREC – Hospitality Europe, Fernando Alexandre, da Universidade do Minho, Joana Almeida, do Sheraton Porto Hotel & SPA, de Nuno Mangas, Presidente do Compete, com a moderação do jornalista Júlio Magalhães

Depois de quase dois anos, o projeto hotel 4.0 reuniu dezenas de especialistas nacionais e internacionais no âmbito do hotel 4.0 Portugal Summit, que decorreu no Porto no passado dia 11 de maio. No painel ‘Inovação e transformação digital no turismo português’, foi realçada a importância da digitalização como fator de competitividade, um caminho que tem que ser percorrido para valorizar os negócios e celebrar a componente humana de um setor que será sempre de “Pessoas para Pessoas”.

“O desafio é não perder a humanização e evoluir ao ritmo que é necessário na digitalização”

Joana Almeida | Sheraton Porto Hotel & SPA

“Às empresas cabe perceber que o turismo é um mercado transversal e que a melhor opção para ganharem escala neste caminho da transição digital é procurarem soluções integradas em regime de colaboração. Não vivemos em ilhas isoladas e juntos trabalhamos muito melhor

“Neste momento, o nosso mercado ressente-se muito com a falta de pessoas para trabalhar a todos os níveis e pessoas qualificadas para trabalhar com a digitalização nas operações não é exceção. Porque o digital não é um fim em si mesmo, tem que ser contextualizado, as soluções têm que ser aprendidas e apreendidas dentro da organização no seu papel otimizador nas operações, mas para fora também têm que estar integradas: o desafio é não perder a humanização e evoluir ao ritmo que é necessário na digitalização.

Primeiro é preciso tornar o setor atrativo e paralelamente capacitar e qualificar para ter a capacidade de responder ao novo turista. E a capacitação não é só ao nível de base, mas também da liderança e supervisão que precisa de se reeducar para conseguir continuar a dar resposta dentro de um modelo de negócio integrado.

Creio que as empresas têm de rever o seu modelo de negócio e perceber que se antes havia uma comunicação unilateral por parte dos fornecedores dos serviços, hoje essa comunicação é transversal. Atualmente é o consumidor que é produtor de conteúdos, que relata a sua experiência… este valor acaba por pesar muito nas expetativas dos consumidores e cabe às empresas cumprir essas expetativas sob pena de correrem sérios riscos reputacionais.”

“O turismo é a atividade com maior poder transformador e o digital teve uma grande responsabilidade no fenómeno”

Fernando Alexandre | Universidade do Minho

“Portugal faz underselling, ou seja, a imagem projetada é mais baixa do que a experiência vivida. Com o momento inflacionista que vivemos temos que conseguir imputar mais competitividade: se conseguirmos refletir nos preços o valor intrínseco das nossas capacidades, serviços e produtos únicos, quando esta crise terminar, estaremos mais competitivos e numa situação muito melhor”

“Sem desvalorizar o trabalho do Turismo de Portugal, penso que o que mais transformou a imagem de Portugal no mundo foram as redes sociais: quando temos pessoas a fotografarem os nossos pratos ou os nossos monumentos é ter um poder de difusão massivo e global que nenhuma estratégia global de marketing tem. Nós mudámos a nossa imagem de nós próprios e este é o poder das redes sociais. A nossa geografia mudou com a dimensão digital e isso é a dimensão profundamente transformadora do turismo da última década que tem feito desta atividade o motor da economia portuguesa. Portanto, essa dimensão geográfica de um país periférico, com o digital pode ser ultrapassada. É óbvio que não chega quando os turistas chegam têm que ter essas expetativas confirmadas: têm que correr tudo bem, desde a chegada ao aeroporto com as bagens, ao metro, ao serviço no restaurante e no hotel.

O turismo tem um peso tão grande e um caminho tão decisivo para a economia portuguesa (representa 50% das exportações de serviços e 25% das exportações totais), que foi a atividade mais importante na correção do reequilíbrio das contas externas. Este é o poder transformador do turismo. O alojamento local é um bom exemplo no poder transformador que o turismo teve nas nossas cidades.

A larga maioria das empresas entre 96% e 98% das empresas são micro ou pequenas e não é só em Portugal: acontece que na última década, na sequência da Troika, surgiram na área do turismo novos empreendedores e que são pessoas qualificadas com novos produtos e conceitos muito inovadores e têm uma oferta que é fundamental para Portugal. E a concorrência obriga a qualidade. E isso acontece porque são pessoas novas e qualificadas num setor que apenas tem 7% de pessoas qualificadas (alojamento e restauração). Portanto, se tivermos mais pessoas qualificadas no turismo, provavelmente a escala dos negócios não é um problema.”

“Teremos um reforço de 400 milhões de euros para apoiar a qualificação e requalificação de ativos inseridos no mercado de trabalho”

Nuno Mangas | Presidente do Compete

“As empresas não devem esperar pelos avisos do Compete: a ideia tem que ser preparada, maturada para que quando os avisos forem publicados a empresa possa avançar.

“Hoje temos um bom exemplo de como o Compete apoia a inovação, pois o hotel 4.0 é financiado pelo Compete, mas de uma forma transversal acompanha toda a cadeia da inovação: na produção de conhecimento, na transformação desse conhecimento em inovação, e sem pessoas qualificadas não conseguimos transformar este conhecimento em inovação e, depois, em negócio e valor. Esse é o grande desafio. O Compete apoia a investigação e desenvolvimento e depois a passagem deste conhecimento para as empresas que transformam a inovação em valor económico e valor acrescentado. Temos uma proximidade muito grande às instituições do saber que trabalham nesta área do turismo e, felizmente, houve uma grande evolução nos últimos 10, 15 anos, quer ao nível da formação investigação e, sobretudo, desenvolvimento.

No compete 2030 vão ser valorizadas todas as competências relacionadas com a sustentabilidade, o que enquadra qualificação das empresas para fazerem modelos de negócio mais avançados ou a qualificação de recursos humanos: teremos um reforço de 400 milhões de euros para apoiar a qualificação e requalificação de ativos inseridos no mercado de trabalho, não apenas os trabalhadores base, mas também a literacia da gestão de topo, que é fundamental. Aquilo que eu diria é que as empresas não devem esperar pelos avisos do Compete: a ideia tem que ser preparada, maturada para que quando os avisos forem publicados a empresa possa avançar.

Para as pequenas empresas há um conjunto de instrumentos – neste contexto, as associações empresariais, como a AHRESP, têm um papel-chave –, como os projetos conjuntos, que permitem agregar empresas de diferentes áreas e dar escala às pequenas empresas.”

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