O atual contexto de inflação, cuja estatística oficial revela aumentos de 27,6% nos produtos energéticos e de 18,9% nas matérias-primas alimentares, está a ter impactos nefastos nas empresas da restauração, similares e do alojamento turístico.
Segundo o mais recente inquérito da AHRESP, realizado durante a segunda quinzena de setembro e a primeira de outubro, quer para as empresas de restauração e similares, bem como do alojamento turístico, as consequências da inflação são cada vez mais preocupantes para a sustentabilidade dos negócios.
Para 71% das empresas da restauração, e para 83% do alojamento, os custos com matérias-primas aumentaram até 50%.
Outro problema já sentido, é a escassez de produtos essenciais, referido por 73% das empresas da restauração e por 26% do alojamento. Perante este agravamento de custos, foi inevitável a atualização dos preços de venda, com 83% das empresas da restauração e 69% do alojamento a aumentarem os seus preços de venda. Na restauração (51%) e no alojamento (45%), o aumento não ultrapassou os 10%. A par disso e, como seria de esperar, a retração no consumo na “época baixa” já se evidenciou, com as empresas de restauração (54%) e do alojamento turístico (49%) a registarem quebras na faturação até 20%, e até superiores.
Para atenuar os efeitos perversos deste ciclo inflacionista, a aplicação da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas e nas tarifas de energias, gás e eletricidade, são medidas que se mostram cada vez mais pertinentes e que a AHRESP tem vindo a defender. Das respostas obtidas, 89% das empresas da restauração confere como prioritária a medida do IVA e para 81% do alojamento, a redução do IVA na energia. Na ausência de medidas preventivas, perspetiva-se um novo aumento de preços, despedimento de trabalhadores e encerramento de empresas (aumento de preços: 68% na restauração e 63% no alojamento; despedimento: 37% na restauração e 15% no alojamento; encerramento: 13% na restauração e 8% no alojamento, de acordo com as respostas do inquérito).
As perspetivas para o último trimestre de 2022 são muito preocupantes, em que 45% das empresas da restauração e 31% do alojamento, consideram que este último trimestre será pior ou muito pior que o 4º trimestre de 2019.