“A sustentabilidade não é uma moda, é tudo o que nos acompanha ao nível económico, social e ambiental: é um caminho que todos temos de percorrer”
“Sustentabilidade não é uma moda, é tudo o que nos acompanha: a sustentabilidade económica, financeira, social, mas também a sustentabilidade ambiental. Hoje é uma obrigação de sobrevivência, quem não apostar na sustentabilidade, corre o risco de ficar fora do mercado. É um caminho que todos temos de percorrer. […]
Neste momento, o planeta já não produz o suficiente para alimentar 8 biliões de pessoas, quanto mais 10 biliões. Do ponto de vista da sobrevivência humana, a alimentação não será exatamente aquilo que é hoje. Assim, para que em 2030 se possam atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, há três hipóteses para a alimentação, entre muitas outras, e que hoje lanço aqui para começarmos a abordar a questão no presente e para o futuro: Plant based food, insetos comestíveis e a carne cultivada em laboratório. Não nos escandalizemos: a tecnologia está efetivamente a trabalhar para que a produção de alimentos seja menos impactante para o ambiente. Por muito estranho que nos pareça, teremos de conviver com estas alternativas a bem da sustentabilidade ambiental.
Nesta conferência, que fecha um intenso ano de eventos realizados pela AHRESP, reunimos 150 pessoas em aqui no Évora Hotel: a AHRESP quer estar próxima dos empresários e de quem sabe e domina as matérias que impactam as nossas atividades. Quando interagimos com as autoridades, seja o poder central, as tutelas diretas das empresas de restauração e similares e do alojamento turístico, que são as câmaras municipais, sejam os grupos parlamentares da Assembleia da República, queremos apresentar um retrato fiel do que é a nossa realidade empresarial, o feedback de quem está no dia a dia no terreno.”
“Não são os políticos que resolvem o problema: a mudança começa por nós, em particular, pelas empresas”
“A sustentabilidade é a questão decisiva para o futuro da humanidade, tal qual nós a conhecemos: sustentabilidade do ponto de vista social, porque precisamos de uma sociedade mais equilibrada, mais justa, sem a qual os conflitos sociais estarão cada vez maiores; sustentabilidade económica porque não faz sentido mudar o nosso padrão de vida à custa de uma descida acentuada nas condições de vida que temos; e sustentabilidade ambiental, porque temos explorado até aqui o planeta de forma impiedosa e agora o planeta está a dar-nos o troco.
Como podemos crescer se o planeta tem recursos finitos? Vamos ter que mudar, mas essa mudança não se faz apenas a nível de decisões governamentais e políticas. Se não formos nós no nosso dia a dia, fundamentalmente ao nível das empresas, a fazermos por essa mudança, então não são os políticos que resolvem o problema.”
“É a relação do homem com a natureza que devemos equacionar”
“Évora ter ganho a candidatura para Capital Europeia da Cultura 2027 é, como podem calcular, um enorme orgulho. Para além de muitas entidades a trabalhar conjuntamente para o mesmo fim, creio que o que fundamentou a escolha foi o conceito que este na base da candidatura, profundamente enraizado na identidade do povo do Alentejo, que é o conceito de ‘vagar’: o alentejano conseguiu alcançar uma relação entre o homem e a natureza que vale a pena olhar e desenvolver e que é um conteúdo de base de reflexão para o tema da sustentabilidade: não é o futuro do planeta que está em causa, mas a sobrevivência da espécie humana e é isso que temos de equacionar.
Até 2050 o Alentejo pode perder cerca de 28% a 40% das suas reservas de água. Isto implica que a água, sendo o único bem sem o qual não podemos sobreviver, é um bem que tem as suas características próprias e temos de ter a capacidade de fazer uma gestão da água diferente daquela que temos tido e, naturalmente, garantir que temos água para que o Alentejo continue a garantir o seu desenvolvimento. Temos que procurar soluções concretas que deem conteúdo ao tema da sustentabilidade.”