A AHRESP reuniu no dia 5 de abril no Convento do Espinheiro, em Évora, profissionais e empresários para discutir o tema o Hotel do Futuro no âmbito do 4º Evento do Hotel 4.0 Talks, um projeto cofinanciado pelo Portugal 2020, através do Programa Compete 2020 e pela União Europeia através do FEDER, que visa apoiar a transformação digital da hotelaria e criar valor pela utilização de novos modelos e processos de negócio. Digitalização e sustentabilidade são o rumo obrigatório, sem perder a dimensão humana de um negócio vocacionado para a experiência do turista.
‘Hotel do Futuro: Mais Digital, Sustentável e Humano’ foi o mote da quarta Talk do roadshow Hotel 4.0, em que foi proposto o desafiante exercício de imaginar como será o hotel do futuro. Foram abordados temas como o conceito de hotel mais moderno e ajustado ao futuro, a conjugação da sustentabilidade e da digitalização sem retirar o fator humano, como tornar os destinos turísticos ainda mais atrativos e ainda como podemos acelerar a transformação digital.
A abertura da sessão contou com a presença de Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara Municipal de Évora, que agradeceu o convite da AHRESP não só em seu nome, mas também do município e congratulou esta iniciativa de grande interesse com foco no futuro. Também esteve presente na abertura Pedro Dias, Vice-presidente do Turismo do Alentejo, que mencionou 2019 como o melhor ano para o Turismo do Alentejo, faltando apenas 12% em 2021 do valor atingido em 2019. Antes do painel principal, Luís Ferreira, cofundador da consultora Birds & Trees, parceira da AHRESP neste programa, apresentou como a génese do Hotel 4.0, visto como uma nova fase no setor hoteleiro em que um dos principais focos é a experiência turística de cada viajante.
Luís Ferreira afirma que “o hotel do futuro é uma unidade que encontra novos modelos de negócio, procura vantagens competitivas mais robustas com o aumento da satisfação do cliente e simplifica os processos”. O debate continuou com Jaime Serra, Professor da Universidade de Évora, Lurdes Calisto, Senior Researcher do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, João Rodrigues, Diretor Executivo Cyango, e Alexandra Palma, Diretora do Convento do Espinheiro Historic Hotel & Spa.[/ahresp-destaque-azul]
“Temos que aprender a trabalhar em conjunto e de uma forma permanente, procurando aquilo que é comum às nossas entidades, naturalmente salvaguardando e respeitando aquilo que nos diferencia, mas procurando o que é comum para atingirmos objetivos. Hoje, trabalhar cada um por si não dá bons resultados e, portanto, quando estamos a pensar olhar para o futuro temos que pensar em trabalhar em conjunto e com escala. Trabalhar com escala significa trabalhar à dimensão da região. Em termos internacionais há que evidenciar o que nos diferencia dos outros e o que é que nos pode dar qualidade do ponto de vista do trabalho.”
Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara Municipal de Évora
“Temos vários produtos turísticos de grande qualidade e muitos ligados à parte sustentável e à natureza e achamos que essa visão sustentável também tem que ter a parte da qualificação da oferta. A informação deve estar disponível para os agentes gerirem da melhor forma e para todos, em conjunto, conseguirmos um destino mais sustentável e com mais qualidade.”
Pedro Dias, Vice-presidente do Turismo do Alentejo
“O nosso desafio era criar uma iniciativa que não pusesse em questão a digitalização, mas que estudasse, percebesse melhor como acelerar essa digitalização e como a tornar mais eficiente. Vimos que muita da nossa hotelaria aproveitou o intervalo da pandemia para fazer algum do ‘trabalho de casa’ no que diz respeito à digitalização. Percebemos que uma das dificuldades da hotelaria em se modernizar é porque não sabe exatamente qual é o melhor caminho a seguir e esta era uma das nossas preocupações. Percebemos que a qualificação tem que estar na linha da frente, sempre com enfoque na internacionalização. Só em conjunto e cooperando é que conseguimos estar no rumo certo: municípios, agências de turismo, Governo, players da hotelaria, eventos, animação cultural, todos estes setores precisam de se articular para conseguirmos, de forma orquestrada, desenvolver uma iniciativa que realmente traga valor.”
Luís Ferreira – Birds & Trees
“Atualmente, o turista não planeia com tanta antecipação, a sua decisão de viajar é mais próxima do início da data em que efetivamente irá iniciar a sua jornada: é esta a grande mudança naquilo que é o paradigma do fator decisão de compra no comportamento do consumidor. Tornamo-nos mais exigentes que a indústria seja digitalizada porque se não for provavelmente há aqui um problema de resposta de adequação de oferta à procura. Acelerar o processo de digitalização tem que começar com uma mudança de atitude. O problema está na nossa disponibilidade mental para receber todo este processo.”
Jaime Serra – Professor da Universidade de Évora
“Nos últimos 15 anos tenho visto uma mudança muito significativa, mas também grandes disparidades. O que vai influenciar/acelerar o processo da digitalização na hotelaria são dois fatores: primeiro, a falta de recursos humanos para trabalhar na hotelaria, isto é estrutural e a tecnologia pode ter aqui um papel importante; segundo, é o próprio desenvolvimento da tecnologia a um custo muito mais reduzido. Se me perguntassem há dez anos, diria que a hotelaria é negócio de pessoas para pessoas, hoje tenho uma perspetiva diferente, porque a digitalização pode ajudar a hotelaria, sem comprometer a componente humana.”
Lurdes Calisto – Senior Researcher do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia
“Uma das coisas que tenho certeza que está a acontecer neste momento é que a tecnologia está a evoluir a um ritmo alucinante, muito mais depressa do que outros setores: não é só o turismo que não consegue acompanhar. Fala-se muito na transição digital, mas é algo que já se ouve falar há muito tempo e que vem agilizar muitos processos. Tem que haver um equilíbrio entre tecnologia e pessoas, se não perdemos a nossa identidade, principalmente num negócio muito marcado pelos aspetos relacionais. Temos que olhar para o nosso redor e ver que valor conseguimos dar, transmitir e receber com isso e fomentar mais oferta no mercado de trabalho, que possa espelhar essa valorização do turismo e dos negócios da atividade.”
João Rodrigues – Diretor Executivo Cyango
“O cliente mudou e é mais exigente, sendo o foco as experiências. E neste contexto, a parte digital é importante para melhorar esta experiência do cliente. A digitalização é incontornável, mas o fator humano tem que se manter e é que nos diferencia. Nesta altura, em que a escassez de mão de obra é efetivamente uma das preocupações centrais ao nível da hotelaria, transversal a todas as posições O desafio é conseguir, tornar a hotelaria mais sexy de maneira a conseguirmos chamar mais pessoas. Cada hotel tem que olhar para si e ver que estratégia quer assumir, o investimento que pode fazer e eu acho que a digitalização tem que ser um processo contínuo, o resultado pode nem sempre ser mensurável, mas é importante.”
Alexandra Palma – Diretora do Convento do Espinheiro Historic Hotel & Spa