“Hospitalidade e segurança, património natural e cultural e gastronomia: eis a “receita” ideal na atração de turistas ao nosso território.” De acordo com Carlos Moura, presidente da AHRESP, se algum destes “ingredientes” falha, compromete a experiência de quem nos visita. Assim, é incontornável a valorização da gastronomia pelo contributo para o turismo.
Portugal é mestre na “arte de bem receber” e tem uma oferta valiosa e diversa em termos culturais e naturais. Se estes dois “ingredientes” da “receita” têm um reconhecimento sólido no contributo para o turismo, a gastronomia portuguesa, com a qualidade que lhe é reconhecida desde 26 de julho de 2000, quando foi elevada a Bem Imaterial do Património Cultural de Portugal, tem ainda um caminho a percorrer para se posicionar num lugar cimeiro entre as cozinhas internacionais e ter a projeção que merece como fator incontornável de sucesso na experiência turística.
Foi este o ponto de partida que deu o mote para a 2.ª edição do “Dia da Gastronomia – Património Cultural”, que decorreu este ano na Casa de Espetáculos e da Cultura da Sertã, em parceria com o município local, com um dia inteiramente dedicado ao valor do nosso património gastronómico, com destaque para o CABRITO, o alimento “estrela” desta edição, numa abordagem do “prado ao prato”.
Assim, foram contemplados temas como a pastorícia dos caprinos, tradições, receituário e confeção, valor nutricional e impacto na saúde, técnicas tradicionais e aproveitamento da totalidade do animal, importância da cozinha regional e afirmação do território, interpretação do alimento na cozinha de autor. Não faltaram demonstrações e degustações que permitiram literalmente “provar”, e relembrar ao palato, porque é que o CABRITO faz parte da tradição. Na cozinha, que preparou o almoço e as sandes de cabeças de cabrito que fecharam este dia junto ao forno comunitário da Sertã, esteve o chef Vítor Sobral, também vice-presidente da AHRESP.
Coube a Carlos Moura a abertura do evento, que revelou que a 3.ª edição do Dia Nacional da Gastronomia – Património Cultural, a realizar em 2025, decorrerá em Albufeira. Proporcionando uma viagem à gastronomia algarvia, a AHRESP destacará no dia 26 de julho de 2025 os bivalves através de três espécies: amêijoa, berbigão e lingueirão e do receituário correspondente (xarém, cataplana e arroz). A iniciativa tem o apoio da Entidade Regional de Turismo do Algarve.
Defendendo também o potencial da cultura gastronómica, Carlos Miranda, afirmou que, “se quisermos receber bem as pessoas, seguramente que o vamos fazer com mais facilidade através da Gastronomia, até porque, ela tem um lado emocional que nos liga diretamente aos lugares”. O presidente da Câmara Municipal da Sertã optou exultar a importância da gastronomia numa original abordagem de paralelo à evolução antropológica do homem Quanto à escolha do Cabrito como produto homenageado de 2024, o autarca destacou que “os caprinos são muito importantes para a economia local, com um receituário secular e de grande qualidade, prova disso é o facto de o maranho ser um produto certificado”.
Sobre o papel da Gastronomia, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, considera que “é um fator excecional para promover um Turismo que vá a todo o território, ao longo de todo o ano. Estratégia que já fez de 2023 o ano de menor sazonalidade”. Contudo, admite que “há ainda um longo caminho a percorrer para afirmar a gastronomia portuguesa como uma das melhores do mundo. Apesar de já termos feito um percurso de sucesso, é esse o caminho que temos de fazer”.
A 2.ª edição do Dia Nacional da Gastronomia – Património Cultural teve como patrocinadores as entidades regionais de turismo da Região de Lisboa, do Alentejo e Ribatejo, do Algarve, do Centro de Portugal e do Porto e Norte de Portugal, assim como as câmaras municipais da Sertã, de Castanheira de Pêra, Proença-a-Nova, Oleiros e Vila de Rei. O evento contou ainda com o patrocínio da makro, Nestlé e Sumol Compal e o apoio do Convento da Sertã Hotel.
