Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, participou no painel “Formação e empresas de mãos dadas”, integrado na 2.ª Conferência Anual do Trabalho, onde partilhou a visão da associação sobre os desafios que se colocam à restauração e ao alojamento turístico. No debate participaram também Óscar Afonso, Diretor da FEP, Filipe Santos, Dean da Católica Lisbon School of Business and Economics, e Pedro Ribeiro, Diretor-Geral de Talento do Super Bock Group, com moderação de Ana Marcela, diretora executiva da ECO Magazine.
Durante a sua intervenção, Ana Jacinto reconheceu que os setores representados pela AHRESP continuam a enfrentar “grandes dificuldades de contratação de trabalhadores e de retenção de talento”. Contudo, rejeitou a perceção de que estas sejam áreas desqualificadas e associadas a baixos salários, frisando que são “dos que mais têm evoluído no que toca à evolução média das remunerações”.
Antes, destacou o esforço do setor para garantir aumentos salariais de forma transversal. “Procuramos fazer um aumento gradual em todas as categorias para aumentar o salário médio e não estarmos a falar apenas do salário base”, explicou, sublinhando que a AHRESP promove anualmente contratação coletiva.
Apesar dos avanços, alertou para os limites impostos por fatores externos, nomeadamente os “impactos fiscais no rendimento do trabalho”, que reduzem o efeito dos aumentos salariais no rendimento líquido dos trabalhadores. Ainda assim, considera que os agentes económicos têm “mostrado uma grande responsabilidade nessa matéria”.
A valorização das profissões do Turismo foi outro ponto central da sua intervenção. “Faz-se com as condições de trabalho, com pequenos avanços, mas que fazem toda a diferença”, afirmou, citando como exemplo simbólico a mudança de designação de “empregado de mesa” para “assistente de sala”. “É um detalhe, mas faz toda a diferença, porque se perguntar a um jovem se quer ser empregado de mesa, ele não quer”, sublinhou.
“O futuro pertence a quem estiver disponível para aprender, desaprender e voltar a aprender”,
Sobre a formação, Ana Jacinto reconheceu que ainda não se está no ponto ótimo, mas sublinhou os obstáculos enfrentados pelas pequenas empresas:“Quando enviamos as pessoas para a formação, muitas vezes implica que determinadas áreas deixem de funcionar. Por exemplo, se um chefe de cozinha vai para a formação, a cozinha não trabalha”.
A secretária-geral destacou ainda o trabalho que a AHRESP tem vindo a desenvolver neste domínio, através de soluções como formação de curta duração, modalidades híbridas e conteúdos à medida das empresas. Realçou também o papel do CFPSA – Centro de Formação Profissional para o Setor Alimentar, do qual a AHRESP é cofundadora, e da Academia AHRESP, que promove formações específicas em parceria com várias instituições com uma oferta perfeitamente ajustada aos trabalhadores e empresários dos setores que representa.
Outro desafio apontado foi o da integração de trabalhadores imigrantes, alguns que não dominam a língua portuguesa, o que obriga a modelos formativos ajustados, mas ressalvando que esse é um caminho que tem de ser trilhado, pois ao funcionamento das empresas do canal HORECA é vital a integração de migrantes.
A encerrar a sua intervenção, Ana Jacinto reforçou a importância de investir também na formação das lideranças. “O futuro pertence a quem estiver disponível para aprender, desaprender e voltar a aprender”, concluiu, deixando o apelo à capacitação das lideranças como fator-chave para o futuro do setor. “Não podemos ter trabalhadores formados para o futuro e empresários que não estão capacitados para liderar para esse futuro. Por isso a oferta formativa da AHRESP foca cabalmente estas formações para uma evolução harmoniosa das empresas.”