Leia o artigo do Diário de Notícias, na íntegra, AQUI
A restauração atravessa um momento extremamente exigente e as empresas estão já numa situação difícil, com um número crescente de empresários a entrar em incumprimento nas linhas de crédito contratadas durante a pandemia.
“A restauração está a preocupar-nos, há muita oscilação e incerteza no setor. Muitos empresários ainda têm esta fatura dos empréstimos às costas e não estão a conseguir pagá-las”, afirmou Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, em entrevista ao Diário de Notícias.
Segundo dados preliminares de um inquérito da associação, que ainda decorre para aferir a verdadeira dimensão do problema, 30% dos empresários não estão a conseguir cumprir com os pagamentos das linhas de apoio Covid — percentagem que poderá ser superior à medida que mais respostas forem recolhidas.
Além das dívidas acumuladas, os empresários enfrentam dificuldades adicionais: subida dos custos operacionais, quebra da procura e alteração nos hábitos de consumo. “Um restaurante cheio não é sinónimo de rentabilidade”, alerta Ana Jacinto, sublinhando que a inflação nas matérias-primas e a instabilidade no consumo têm deteriorado a sustentabilidade dos negócios.
A secretária-geral da AHRESP destaca ainda a preocupação com as alterações à Lei da Imigração, que poderão dificultar a contratação de mão de obra estrangeira. “Se precisamos — e se vamos continuar a precisar — de trabalhadores imigrantes? Vamos. Se só precisamos de trabalhadores extremamente qualificados? Não.”
A AHRESP propõe, no próximo Orçamento do Estado, a reposição da taxa intermédia de IVA para todas as bebidas, a redução da TSU em pagamentos extraordinários e a isenção fiscal para a parte que a empresa entender pagar acima do valor do aumento aplicável ao salário mínimo em 2026, nos vários níveis de remuneração, contribuindo-se dessa forma para o aumento do salário médio. Neste momento, a carga fiscal é enorme, as empresas estão a fazer um esforço tremendo e é imperativo que o Governo acompanhe esse esforço com respostas que permitam aliviar esta carga — o que ainda não está a acontecer”, conclui Ana Jacinto.
Resultado? Muitas empresas não vão conseguir resistir e é expectável uma vaga de encerramentos se não houver alterações no cenário fiscal, um enquadramento ajustado da Lei da Imigração e soluções objetivas do Banco Português de Fomento que permitam maior fôlego às empresas.