Diário de Notícias | “O Alojamento Local está metido num grande sarilho porque as medidas são muito perigosas”

Ago 8, 2023

Ana Jacinto responde a 10 perguntas na rubrica “Alta Tensão” do jornal “Diário de Notícias”. Além do alojamento Local, a secretária-geral da AHRESP também reforça a importância de uma redução da taxa de IVA nos serviços de alimentação e bebidas, assim como salienta a necessidade de reter talentos para fazer face à falta de mão-de-obra nas atividades do Turismo

© Fotografia: Leonardo Negrão / Global Imagens

“Alojamento Local?
Viva o Alojamento Local! Sendo que não é isso que o nosso Governo pensa. O Alojamento Local está metido num grande sarilho, porque as medidas aprovadas são muito perigosas: levam a que os empresários que investiram, criaram emprego, geraram riqueza, reconstruíram verdadeiros centros urbanos, regeneraram edifícios que estavam a cair… não tiraram habitação. A escassez de habitação, um problema que é gravíssimo, não se combate eliminando o Alojamento Local. Mais um erro que foi cometido e vamos pagá-lo bem caro. Porque, se houver procura, o Alojamento Local não vai desaparecer, vai continuar, só que vai cair na informalidade, que era tudo o que não queríamos.

(…)

IVA zero?
O IVA zero tem um efeito nulo para a restauração, como sabemos, porque o IVA zero é um IVA nas compras, é para o consumidor. Nós, o que precisávamos, e a AHRESP tem sistematicamente solicitado e insistido, é de baixar o IVA dos serviços de alimentação e bebidas. Tivemos, de facto, uma baixa do IVA dos 23% para os 13% no que diz respeito às comidas e a algumas bebidas, mas ficámos com a maioria das bebidas a 23% e, portanto, temos aqui esta nuance que precisávamos de uniformizar. Só as bebidas de cafetaria é que ficaram a 13%. Esta medida constou de várias resoluções, como sabemos, e acabou por nunca ser concretizada. E era importante voltarmos a esta medida, além de outra que a ARESP tem defendido, que é, de uma forma temporária, reduzir mesmo a taxa dos 13%, nem que fosse por um ano. Para quê? Para dar tesouraria às empresas. Porque, numa fase em que as empresas ainda não se restabeleceram totalmente e porque o Governo insiste em não baixar a carga fiscal no que diz respeito ao rendimento do trabalho, era importante termos tesouraria para podermos, apesar do esforço e do aumento que temos feito sistematicamente no que diz respeito aos salários, teríamos ainda mais capacidade financeira para o fazer.

(…)

Talento…
É importantíssimo. Temos uma dificuldade tremenda em reter talento, em contratar trabalhadores. O turismo é a indústria da felicidade, temos de passar esta mensagem: o setor permite uma progressão na carreira como em poucos setores, mas é um setor que trabalha 24 horas por dia e que em contraciclo com outros: trabalhamos nos feriados, nas férias e, portanto, é normal que haja aqui um esforço que hoje o perfil do trabalhador e dos jovens sintam alguma dificuldade e pouca atração. Precisamos de encontrar soluções e mecanismos que criem atração, porque precisamos destes talentos e precisamos de reter talentos. Não passa só pela retribuição: é uma componente muito importante e temos vindo a fazer um esforço muito grande, fechámos contratos coletivos com aumentos significativos, perto de 8%. Mas atrair mais jovens e até temos de trazer imigrantes.”

Leia na integra a entrevista a Ana Jacinto no “Diário de Notícias”

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