“Parecia que não, mas afinal continuamos muito longe dos objetivos: de acordo com os dados disponíveis mais recentes, a disparidade salarial entre homens e mulheres é de 13,2%, fazendo com que o Dia Nacional da Igualdade Salarial, este ano, tenha sido assinalado no passado dia 14 de novembro, data a partir da qual as mulheres, virtualmente, deixam de ser remuneradas, enquanto os homens continuam a receber os seus salários.
A partir daqui, e até ao final do ano, é como se trabalhassem sem receber qualquer remuneração, apesar do número de licenciadas, mestradas e doutoradas ser cerca de 20% superior ao dos homens. São 48 dias “à borla”!
[…] O Turismo é uma atividade inserida nestas sociedades que construímos e, tal como toda a economia, perde bastante com a falta de equilíbrio de género nas lideranças. Proliferam estudos que demonstram que equipas diversificadas em termos de género têm melhor desempenho, promovem a inovação e melhoram a tomada de decisões. A desigualdade no acesso a posições de topo limita o potencial competitivo e perpetua um ciclo de desmotivação entre as profissionais, que enfrentam “tetos e telhados de vidro” para progredirem na carreira. Isso reflete-se, por exemplo, na dificuldade em atrair e reter talento feminino qualificado, um fator crucial para a sustentabilidade dos setores que alimentam o Turismo. Tenho ouvido, demasiadas vezes, empresários que dizem querer contratar mulheres para cargos de topo e se deparam com várias recusas, justificadas com os “tetos e telhados de vidro” do costume.
[…] O caminho para a igualdade exige uma transformação cultural profunda, que está a ganhar forma, mas demasiado lentamente. Entre os esforços que contribuem para a mudança, destacar e reconhecer líderes femininas é um passo fundamental. […]
É essencial continuar a derrubar os tetos e telhados (de vidro) que ainda persistem.
E em nome de uma visibilidade, que é tão necessária, apelo a que haja mais iniciativas que iluminem trajetórias de excelência e que façam ecoar o impacto das mulheres que lideram, inspiram e transformam.
Porque a igualdade não é apenas um objetivo: é um compromisso que exige ação constante e coletiva.