DIÁRIO DE NOTÍCIAS | Opinião de Ana Jacinto “Partir Tetos e Telhados de Vidro”

Dez 11, 2024

A secretária-geral da AHRESP destaca a desigualdade salarial e apela à valorização das mulheres. Os desafios persistem e continuam a penalizar o género feminino em Portugal. Ana Jacinto apela a ações concretas para promover a equidade e utiliza como exemplo os Prémios Women 3.0, que acontecem a 17 de janeiro, para sublinhar a importância de reconhecer e valorizar trajetórias de excelência feminina. “É essencial continuar a derrubar os tetos e telhados de vidro que ainda persistem”, afirma, apelando à criação de mais iniciativas que deem visibilidade ao papel fundamental das mulheres em todas as áreas.

“Parecia que não, mas afinal continuamos muito longe dos objetivos: de acordo com os dados disponíveis mais recentes, a disparidade salarial entre homens e mulheres é de 13,2%, fazendo com que o Dia Nacional da Igualdade Salarial, este ano, tenha sido assinalado no passado dia 14 de novembro, data a partir da qual as mulheres, virtualmente, deixam de ser remuneradas, enquanto os homens continuam a receber os seus salários.

A partir daqui, e até ao final do ano, é como se trabalhassem sem receber qualquer remuneração, apesar do número de licenciadas, mestradas e doutoradas ser cerca de 20% superior ao dos homens. São 48 dias “à borla”!

[…]  O Turismo é uma atividade inserida nestas sociedades que construímos e, tal como toda a economia, perde bastante com a falta de equilíbrio de género nas lideranças. Proliferam estudos que demonstram que equipas diversificadas em termos de género têm melhor desempenho, promovem a inovação e melhoram a tomada de decisões. A desigualdade no acesso a posições de topo limita o potencial competitivo e perpetua um ciclo de desmotivação entre as profissionais, que enfrentam “tetos e telhados de vidro” para progredirem na carreira. Isso reflete-se, por exemplo, na dificuldade em atrair e reter talento feminino qualificado, um fator crucial para a sustentabilidade dos setores que alimentam o Turismo. Tenho ouvido, demasiadas vezes, empresários que dizem querer contratar mulheres para cargos de topo e se deparam com várias recusas, justificadas com os “tetos e telhados de vidro” do costume.

[…] O caminho para a igualdade exige uma transformação cultural profunda, que está a ganhar forma, mas demasiado lentamente. Entre os esforços que contribuem para a mudança, destacar e reconhecer líderes femininas é um passo fundamental. […]

É essencial continuar a derrubar os tetos e telhados (de vidro) que ainda persistem.

E em nome de uma visibilidade, que é tão necessária, apelo a que haja mais iniciativas que iluminem trajetórias de excelência e que façam ecoar o impacto das mulheres que lideram, inspiram e transformam.

Porque a igualdade não é apenas um objetivo: é um compromisso que exige ação constante e coletiva.

Excertos do artigo de Opinião de Ana Jacinto, que pode ler na íntegra na página do Diário de Notícias

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