Entrevista João Fernandes | Presidente da Região de Turismo do Algarve

Jul 29, 2022

Em entrevista ao Magazine de Negócios AHRESP, João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), faz um balanço da atividade turística daquele que é o principal destino de procura interna e externa do país. Os indicadores de recuperação são bons, mas a carência de recursos humanos e a inflação ameaçam performance e receitas, respetivamente, do turismo na região

“A pandemia foi obviamente muito constrangedora para aquele que é o motor da economia nacional, mas que tem um peso relativo ainda maior no Algarve

Em entrevista ao Magazine de Negócios AHRESP, João Fernandes, Presidente da RTA, confirma o imenso impacto que a pandemia teve na atividade turística do Algarve, o principal destino de procura dos mercados externo e interno. Pese o aumento do desemprego, as falências registadas estiveram abaixo do que se perspetivava inicialmente: apesar das dificuldades vividas, as empresas “persistiram e resistiram a este embate, o que só foi possível com mecanismos de apoio do Estado, que foram consequentes com as necessidades específicas da região”. 

“O Algarve em 2020 foi considerado o Melhor Destino de Praia do Mundo, um reconhecimento por termos sido os primeiros a implementar regras de segurança que foram exemplo para o turismo balnear”

A recuperação está a acontecer com números próximos de 2019. João Fernandes nunca duvidou que o turismo é “o único setor com dimensão e competitividade internacional para nos fazer sair de contextos mais adversos e, como tal, também da crise gerada pela pandemia. E é isso que se está a verificar”.

O Presidente da RTA atribui a rápida recuperação do turismo no Algarve aos esforços envidados pela região para desenvolver mecanismos de security e safety: recordista do Melhor Destino de Praia da Europa, em 2020, pela primeira vez, o Algarve foi considerado o Melhor Destino de Praia do Mundo nos World Travel Awards, graças a ser a primeira região a implementar regras de segurança que serviram de exemplo para aplicar nas zonas de turismo balnear. João Fernandes recorda que o Algarve foi a primeira região a apresentar um “Manual de Boas Práticas – COVID-19” e o Turismo de Portugal foi igualmente pioneiro no “Selo Clean&Safe”.

João Fernandes revela ainda que a imagem de Portugal perante os outros países está a começar a mudar, fruto de um trabalho de diversificação dos mercados, “a marca Algarve é hoje uma referência de modernidade e de bem-estar em mercados externos, como por exemplo o Brasil, e somos um exemplo a seguir, nomeadamente por Espanha”. 

“Ainda não estamos ao nível de 2019 mas durante o período da Páscoa já tivemos taxas de ocupação em hotelaria muito semelhantes às de abril de 2019 e o valor das vendas em abril foi superior a 2019, o que indicia um verão muito positivo: mas não sabemos ainda qual impacto que a inflação pode ter nas margens”

No que diz respeito a números, apesar de ainda não serem iguais aos de 2019, João Fernandes admite que a expetativa é de que “o volume de procura, sobretudo da Páscoa em diante será semelhante a 2019, mas o valor da venda é bastante superior às praticadas em 2019, por isso as receitas serão maiores.” Ainda assim, João Fernandes relembra que a significativa inflação, que atingiu máximos desde 1992 em julho, irá retirar parte da margem de lucro que eventualmente se esperaria. Com a economia europeia altamente impactada pela guerra e as consequências transversais para a sua robustez, os resultados ainda não são conhecidos e o final do verão confirmará até que pontos as receitas terão sido impactadas pelo maior pico inflacionista desde há décadas.

“Hoje estamos com um problema de falta de recursos humanos: a imigração é naturalmente parte importante da resposta”

A escassez de pessoas para trabalhar nas empresas do turismo é uma realidade transversal ao país e, muito particularmente, no Algarve que tem uma economia tão dependente da atividade. Em voz uníssona com a posição da AHRESP face ao tema, João Fernandes aponta a imigração como uma das componentes essenciais para mitigar a falta de recursos humanos. De acordo com dados da Comissão Europeia, em janeiro, Portugal era um dos países com mais entrada de estrangeiros para visto de trabalho na União Europeia. João Fernandes afirma que “embora esse processo seja muito tortuoso, e infelizmente ainda o é, está a fazer o seu caminho, mas é a conta-gotas. A nossa aflição é não dispormos já das pessoas”. 

Em nota conclusiva, deixa a mensagem de que “temos muito orgulho em ser um destino de praia fabuloso, mas somos felizmente muito mais do que isso”.

Veja o vídeo da entrevista:

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