A AHRESP reuniu “à mesa” os premiados chefs Rui Paula, Rodrigo Castelo e Diogo Rocha, juntamente com Lídia Monteiro, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, para debater o impacto da primeira Gala Michelin exclusivamente dedicada a Portugal no panorama da gastronomia nacional.
O auditório principal da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) encheu-se para ouvir o painel da mesa-redonda “Guia Michelin Portugal – Importância para a Gastronomia Portuguesa”, em que os oradores responderam às perguntas de Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP e moderadora, e aos desafios colocados pelo chef Vítor Sobral, vice-presidente da AHRESP, e por Carlos Moura, presidente da AHRESP, no início da sessão.
“Se temos as melhores opiniões de quem nos visita sobre a nossa gastronomia e os nossos vinhos, porque é que não temos uma força ainda maior deste património além-fronteiras?”, questionou Carlos Moura.
O chef Vítor Sobral, que sempre preferiu ser tratado como “cozinheiro” e confessou já ter perdido a conta aos países onde cozinhou, considera que os inspetores do Guia Michelin que vêm julgar os restaurantes portugueses talvez não conheçam verdadeiramente o que neles se faz, os produtos que se usam e as formas como se confecionam. Por este motivo, o vice-presidente da AHRESP responsável pela área da gastronomia, lançou a sua pergunta: “Quantos restaurantes com três estrelas Michelin existem na Europa muito abaixo de restaurantes com duas estrelas Michelin que encontramos em Portugal?”
Lançado o debate, Ana Jacinto reconheceu que a distinção do Guia Michelin tem impacto no reconhecimento internacional, no estímulo à excelência, no crescimento do turismo gastronómico, no destaque à culinária local e na economia do país. A secretária-geral da AHRESP questionou depois o painel sobre a importância da realização da gala em território nacional e as opiniões foram unânimes, com todos os oradores a darem um valor muito positivo ao evento.
Lídia Monteiro elogiou o trabalho dos chefs portugueses e concordou com Vítor Sobral, afirmando que “a realidade é muito melhor que a perceção” e que, por isso, é preciso continuar a valorizar a cultura gastronómica portuguesa.
Rui Paula (Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira), um dos 8 chefs portugueses distinguidos com duas estrelas, lembrou a importância de manter o ADN português e assumiu que o reconhecimento do Guia Michelin lhe permitiu aumentar a faturação, além do prestígio.
Rodrigo Castelo (Ó Balcão, Santarém), que integra o grupo de 31 chefs portugueses com uma Estrela Michelin, e também distinguido com uma Estrela Verde, confessou que o reconhecimento do Guia era “um sonho que já tinha há alguns anos” e que tê-la recebido em Portugal ainda o deixou mais orgulhoso.
Diogo Rocha (Mesa de Lemos, Silgueiros, Viseu), que renovou a Estrela Michelin e a Estrela Verde, salientou que Portugal tem hoje os cozinheiros mais bem formados de sempre, que todas as distinções e reconhecimentos são mais do que merecidos e que “a gastronomia portuguesa tem de continuar a ganhar coragem” para mostrar ao mundo a sua excelência.