IV ÁGORA | “É preciso aprender a aprender e ter paixão pelo que fazemos”, defende Ana Jacinto

Dez 6, 2024

Como igniter e moderadora do debate "A Educação para o Empreendedorismo e o Emprego. Está a Resultar?", no âmbito da 4.ª edição do International Ágora on Education, Leadership, and Employment, Ana Jacinto desafiou o painel internacional de convidados a refletir sobre a formação dos novos empreendedores, que o futuro exige que sejam mais conectados e ágeis

No dia de abertura da 4.ª edição do International Ágora on Education, Leadership, and Employment, que decorreu no Tagus Park, em Oeiras, entre 28 e 30 de novembro, coube a Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, provocar as respostas ao tema “A Educação para o Empreendedorismo e o Emprego. Está a Resultar?” O painel internacional composto por José Luis Canito (diretor-gerente FUNDECYT-PCTEX), Amparo Peña (coordenadora Área Empreendimento, Extremadura Avante), de Espanha, Teresa Fiúza (vice-presidente executiva da Portugal Ventures) e João Baracho (Diretor do CDI Portugal, membro do Board do Euclid Network) foi unânime: não está a resultar.

Ainda assim, portugueses e espanhóis partilham um certo sentimento de otimismo, com experiências positivas em projetos de educação, onde a tecnologia e o empreendedorismo assumem o protagonismo. Mas há um vasto caminho por palmilhar. Atualmente, coexistem quatro gerações no mundo do trabalho e, pelo menos, quatro cruzam-se no trabalho e estão cientes de que não há empregos para a vida. Os participantes no debate concordam que esta nova realidade coloca desafios enormes a todos os que estão a trabalhar, mas também aos que ainda irão entrar no mundo empresarial.

Teresa Fiúza, da Portugal Ventures, reconhece que, em Portugal, se formam algumas “das mentes mais brilhantes do mundo”, por exemplo nas vertentes científico-tecnológicas. Mas ressalva que estes empreendedores, sendo extremamente especializados nas suas áreas técnicas, revelam muitas vezes dificuldades em disciplinas paralelas, como o marketing ou a gestão, necessárias para que os seus projetos vinguem no mercado. “Não estão habituados a ir buscar as ferramentas necessárias, nem as pessoas, que precisam para os ajudar”. Por isso, considera que o “essencial é que haja um clima propício para que as pessoas possam ‘aprender a aprender’ desde muito cedo”.

João Baracho acrescenta que “também já não há formações para a vida, nem há apenas um modelo único de educação: somos todos diferentes, portanto os modelos que desenvolvidos serão necessariamente ajustados a essas diferenças”. Como exemplo, aponta o “estigma” relativamente às escolas profissionais que, na sua experiência, “não se justifica”. Para o diretor do CDI Portugal, este modelo de educação pode ajudar à integração no mercado de trabalho, uma vez que “há uma crescente apetência das empresas pelos alunos aqui formados. A proximidade entre empresas e escolas, é benéfica para os dois mundos”. Qual o caminho para desmistificar o ensino profissional? João Baracho não tem dúvidas: “A sensibilização dos pais.” 

Adianta, ainda, que os projetos de educação públicos que estão a ser pensados, ao nível da digitalização, da mudança da sala de aula, do papel do professor como um facilitador do “aprender a aprender”, são positivos, e que a Educação em Portugal é vista como exemplo na Europa.

José Luis Canito crê que a abertura de mentalidades é fundamental no sucesso das empresas. Aproveitando o que a comunicação intergeracional pode trazer ao mundo do trabalho, pelo que “há que fomentar o potencial de aprendizagem deste contexto”, sublinha. No entanto, isto não significa que as empresas se possam desresponsabilizar de garantir formação e capacitação contínuas, em resposta às mudanças impostas pela digitalização e Inteligência Artificial, que serão mais intensas no futuro.

Ana Jacinto acrescenta, a este propósito, que “a capacitação das lideranças , que tantas vezes constituem óbices à mudança, são essenciais para que haja uma adaptação rápida às transformações”.

Amparo Peña vai mais longe: há que “aprender a empreender”, o que só ocorre depois de “aprender a aprender”. Deu uma perspetiva dos projetos públicos de educação e tecnologia, “com resultados muito positivos”, que estão a decorrer na Extremadura, tendo em conta que Espanha tem uma gestão da Educação regional, e não um projeto nacional, como Portugal. Reforçou, ainda, a necessidade de formação em ambiente de trabalho, mas entende que em qualquer projeto de educação para o empreendedorismo, são as soft skills que predominam, como a capacidade de trabalhar em equipa, a proatividade, a apetência por melhorar continuamente e acompanhar o que vem de novo. Este é o “mindset para o futuro, que já é o presente”.

Caminhos para o futuro na Educação para o empreendedorismo? Capacitação e formação contínuas, mas com um grande foco nas soft skillls, para criar agilidade mental, capacidade de adaptação e paixão pelo mundo. “O que só acontece quando aprendemos a aprender e gostarmos do que fazemos”, resume Ana Jacinto, explicando que “Paixão faz toda a diferença”.

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