O setor do alojamento e restauração destacou-se nos dados sobre emprego por ter registado a maior quebra em termos homólogos. “Não conseguimos encontrar trabalhadores”, justifica Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou na semana passada que num cenário de emprego recorde, essencialmente puxado pelos serviços (na indústria caiu e na construção estagnou), o alojamento e restauração não só foi exceção como foi o que registou a maior quebra homóloga: 9,1% ou menos 31 mil empregos em termos líquidos.
Em resposta às questões colocadas pelo Negócios a propósito desses últimos dados, a secretária-geral da AHRESP começa por referir que a quebra se registou “tanto na restauração como no alojamento”. E que, embora antecipe uma recuperação no terceiro trimestre, reclama medidas para colmatar “a permanente ausência de pessoas para trabalhar” no turismo. “Mesmo com o aumento dos salários que temos vindo a levar a cabo nos últimos anos, e que é necessário continuar, não conseguimos encontrar trabalhadores”, refere. “A dificuldade para a contratação de trabalhadores imigrantes também não está a ajudar”.
Descrevendo as dificuldades criadas às empresas pela pandemia (que afetou estas atividades “como mais nenhuma”), pela inflação alimentar (que “esmagou” as margens) e pela subida das taxas de juro (que provocou uma “redução da procura” na restauração), Ana Jacinto sustenta que “mais do que qualquer apoio, do que precisamos mesmo é de uma revisão em baixa da carga fiscal”.
“A redução dos impostos e contribuições sobre os rendimentos do trabalho, seja sobre as empresas (TSU), seja sobre os trabalhadores (IRS), é uma das medidas mais relevantes para combater a ausência de trabalhadores, mas também existem outras matérias inerentes às nossas atividades que têm de ser melhoradas”.
Em causa está a organização dos tempos de trabalho , que “tem afastado muitos trabalhadores”. “Não é de fácil resolução, porque são setores que trabalham 365 dias por ano e nos períodos em que a generalidade das pessoas está em lazer”. Segundo refere, está a ser feito um esforço na negociação coletiva.