Excertos da entrevista de Ana Jacinto ao NEGÓCIOS.
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“[…] E esta descida do IRC é importante para o setor?
Temos outra dimensão de impostos muito mais relevantes. Era vital que fosse repensada a carga fiscal sobre o rendimento do trabalho. Somos um setor de mão-de-obra intensiva, temos necessidade de continuar a pagar cada vez melhor aos nossos colaboradores.
E qual era a solução? Reduzir as contribuições para a Segurança Social?
Acabamos de fechar a contratação coletiva com os sindicatos e não nos ficámos pelo aumento do salário mínimo. Fizemos um aumento igual em todos os níveis, subindo o salário médio. O que defendemos é que se estimule as empresas a fazerem um aumento ainda maior. E este acréscimo salarial – que não tem a ver com estes aumentos – deveria ter uma dedução ou isenção da Taxa Social Única (TSU). Não foi possível esta proposta ser acolhida pelo Governo, mas vamos insistir.
O setor precisa muito de imigração. Que efeitos teve esta suspensão da manifestação de interesse por parte dos imigrantes?
Os efeitos não foram positivos. Dissemos ao Governo que percebemos a medida – tínhamos 400 mil trabalhadores imigrantes que não estavam regularizados e tínhamos de tomar conta desta situação. Agora, não podemos estrangular a entrada de novos imigrantes.
É isso que está a acontecer?
Ainda está a acontecer. Como sabemos, foi apresentado um plano. Uma das medidas é o reforço, que está a acontecer, dos adidos nos consulados para que haja a emissão dos vistos. Vamos ver como é que vai correr. Precisamos que os imigrantes continuem a entrar, são 30% da nossa força de trabalho, cerca de 120 mil pessoas. E vamos continuar a precisar. É evidente que têm de entrar de forma controlada, organizada e com condições dignas de ficarem cá.
E que contributo é que o setor pode dar para a melhor integração dos imigrantes?
O Turismo de Portugal tem uma medida que visa dar formação a cerca de mil imigrantes. É curto para o que precisamos, mas é um começo. Se correr bem, haverá disponibilidade por parte do Turismo de Portugal e do Governo de dar continuidade à medida.
O setor é atacado em várias frentes, pela pressão do turismo, dos imigrantes, pela falta de habitação. Que contributos pode dar para não ser assim tão mal visto pela comunidade?
Falta a consciência da importância do turismo para todos nós e para as comunidades locais. As pessoas precisam de perceber que vivem melhor por causa do turismo e da taxa turística – como já acontece, mas é preciso comunicar muito melhor. Vivem melhor porque há uma mobilidade maior naquele território, porque há melhor iluminação e gestão de resíduos. A AHRESP faz parte do comité de gestão da taxa turística em Lisboa e temos dito ao presidente da Câmara que isto tem de ser comunicado. Há, por exemplo, uma verba da taxa turística que é transferida para as juntas de freguesia fazerem uma melhor recolha dos resíduos urbanos, porque há uma carga maior. […]”