EXCERTOS DA ENTREVISTA DA SECRETÁRIA-GERAL, ANA JACINTO, NO CANAL NOW, QUE PODE VER NA ÍNTEGRA NO VÍDEO
“Primeiro facto que é importante salientar, é que o Turismo continua a crescer, embora com algum arrefecimento, o que é natural, mas os números são muito positivos. O Turismo continua a ser o motor da nossa economia, o que é bom salientar.
Porém, e a AHRESP tem vindo a alertar para isso, é bom não esquecermos alguns factos e evidências: primeiro, tivemos uma pandemia que avassalou tanto o alojamento como a restauração; segundo, tivemos uma inflação galopante, sobretudo inflação alimentar, que afetou em particular a área da restauração; depois, o aumento das taxas de juro e os custos salariais. Estes fatores conjugados levaram a que a saúde financeira destas microempresas não tivesse conseguido restabelecer-se o suficiente. No caso do alojamento, pela natureza da estrutura das empresas do setor e do perfil do turista, mais internacional, foi possível imputar os aumentos dos custos ao cliente, ao contrário da restauração. Neste setor, maioritariamente composto por um tecido empresarial muito micro, com um perfil de cliente interno, que também perdeu poder de compra, não foi possível fazer um ajuste tão grande na generalidade destas empresas.
Neste período, as empresas andaram a ‘engolir’ custos, ou seja: os custos operacionais aumentaram e as empresas não conseguiram imputar esses aumentos no preço final ao consumidor na mesma proporção, o que provocou que as margens de lucro fossem muito reduzidas. No fundo, andamos a trabalhar para pagar custos operacionais, que são enormes.
Como é que se resolve o problema de sustentabilidade destas empresas? A AHRESP não têm por hábito apontar constrangimentos e ficar de braços cruzados. O que sempre temos feito é a análise do que vai acontecendo, há muito tempo que estamos a alertar para estes sinais, e apresentar propostas concretas.
Na próxima quarta-feira, vamos apresentar propostas ao Governo, que se enquadram em medidas que gostaríamos de ver contextualizadas no Orçamento do Estado do próximo ano, que se centram em aspetos extremamente importantes para as empresas das atividades que representamos na AHRESP. Assim, seguramente que as nossas propostas irão contemplar medidas relacionadas com: o alívio da carga fiscal, que cruza o rendimento do trabalho: do nosso ponto de vista, é um problema crucial que não está a permitir às empresas pagar melhor (as empresas têm feito esses esforço, mas há que continuar a fazê-lo porque os nossos setores são muito dependentes de mão-de-obra intensiva e precisamos dos nossos trabalhadores, porque, como sabemos, outra questão crítica é a falta de mão de obra); e a uniformização do IVA à taxa intermédia para todos os serviços de restauração e bebidas, o que hoje não acontece, pois continuamos com bebidas com a taxa máxima, já para não falar que a nossa taxa intermédia é superior à de países que concorrem diretamente com Portugal como destino de eleição. Ou seja, não somos competitivos e estamos sistematicamente a alertar para esta questão.
Portanto, vamos voltar a insistir com medidas desta natureza, em particular, as de natureza fiscal pois, no final do dia, são as que impedem as empresas de ter tesouraria para poder reinvestir. Afinal, as empresas existem para produzir riqueza e não apena para pagar impostos.”
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