EXCERTOS DA ENTREVISTA A CARLOS MOURA | PRESIDENTE DA AHRESP
“Hoje, os empresários respondem a desafios inesperados: há um enorme esforço de tesouraria e liquidez, em virtude de eventos externos que impactam fortemente a nossa economia, como a pandemia ou a guerra, com consequência diretas no aumento da inflação, que se reflete no preço das matérias-primas, na energia ou nos combustíveis, que são naturalmente necessárias na prestação de serviços de restauração e alojamento, o que dificulta a o quotidiano de gestão das empresas. Houve ferramentas disponibilizadas às empresas, mas não foram subvenções, que foram naturalmente úteis para as empresas não asfixiarem as suas tesourarias, mas que são empréstimos financeiros que têm de ser regularizados, e que estão ainda a sê-los. A AHRESP já falou com Senhor Ministro das Finanças, no sentido de haver um cuidado nas relações com a banca e na proteção destas empresas através de garantias mútuas do Estado para que as maturidades (período de regularização) possam ser alargadas. Estas empresas, que são o motor da economia nacional, têm de ter proteção.”
“Temos um problema demográfico que não é novo (taxa de 1.3 filhos por família), temos a esperança de vida a aumentar, o que é um bom problema… porque se não precisássemos de pessoas para trabalhar era sinal de que a Economia estava a asfixiar, felizmente, que bem pelo contrário: a economia está pujante, cada vez temos um PIB mais elevado, há mais atração de algumas atividades económicas fundamentais como é o turismo. Mas temos de encontrar os melhores caminhos e soluções. Não fazemos juízos de valor dos governos, temos sempre uma atuação discreta, mas muito firme. Em qualquer Orçamento do Estado, entregamos sempre aos grupos parlamentares e Governo as nossas recomendações e estamos sempre disponíveis para o diálogo. Penso que quem governa e quem regulamenta deve sempre perguntar primeiro ao ‘Chão de Fábrica’, que na prática é quem vai utilizar os instrumentos desenhados, para que não se corram risco de ou não serem exequíveis ou terem de ser corrigidos à pressa porque não se adequam às realidades. E a AHRESP pode dar este aporte de recomendações porque efetivamente conhece muito bem o que se passa no terreno.”
“Nós precisamos de gente para trabalhar, isso não significa escancarar as portas e deixar entrar pessoas no país desregradamente, até porque somos uma porta de entrada para a Europa. E como é difícil entrar para o Espaço Schengen sem o formalismo legal aplicável, as pessoas acabam por ‘passar ‘ por Portugal e vão para o centro da Europa – nós ainda não remuneramos tão bem quanto alguns países centro-europeus – e perdemos aqui esse efeito positivo de atrair gente para trabalhar. O Governo já decidiu, mas nós temos algumas observações a fazer: estamos em plena época alta, não temos gente para trabalhar; dizem-nos que oficialmente estão cerca de 400 mil processos para tratar na AIMA e, de repente, são suspensas autorizações de residência; mais preocupante ainda, esta responsabilidade é passada para os consulados portugueses. São decisões que não vão resolver a situação e nós já o dissemos ao Governo e às autoridades.”
“Qual é a solução? Esta não é seguramente. O que nós pensamos: comprometer as associações do setor, nomeadamente a AHRESP, para ajudar na identificação das necessidades de empregabilidade junto do tecido empresarial e na entrada organizada dessa imigração.”
Fonte da entrevista: Canal de Youtube da Universidade Europeia