“Durante o mês de agosto assisti estupefacta às declarações reiteradas por muitas vozes sobre um aumento “absurdo”, “injustificado” e “incontrolável” dos preços no Algarve, mas que comportam em si um verdadeiro ataque aos agentes do turismo da região, em especial do alojamento, razão pela qual me parece importante, e justo, fazer algumas considerações sobre esta matéria.
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Mas indignada com os adjetivos utilizados nas tais declarações que já referi, analisei os números dos primeiros 6 meses de 2023 e o que verifiquei foi uma quebra marginal de 0,8% no número de dormidas, face a um aumento de 32,4% nos proveitos no alojamento. Sendo assim, estes dados comprovam que o aumento do preço do alojamento, que em grande parte se deve ao aumento dos custos de operação das unidades, não está a afastar um número tão significativo de turistas, pelo menos internacionais. Já o impacto do aumento dos proveitos financeiros também tem de ser analisado à luz de um elemento potenciador do aumento de riqueza para região. E o Algarve também precisa deste aumento de receitas, para investir nos seus recursos humanos e na renovação do parque de oferta de alojamento.
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Não tenho dúvidas de que a carteira dos portugueses está a ficar mais vazia, fruto do aumento do custo de vida, mas também não tenho dúvidas de que a honestidade se impõe como corolário da verdade. É importante, e honesto, repito, que não se reproduza vezes sem conta, a crítica redutora que diz que o turismo do Algarve não gosta dos portugueses, que não precisa dos portugueses e que só vive para os estrangeiros.
Apesar de haver regiões nacionais com grande procura por parte de mercados estrangeiros, e com oferta para todas as carteiras, estou à vontade para afirmar que não há uma única região do nosso país que possa, ou queira, prescindir do turismo interno.”
Leia na íntegra o artigo de opinião de Ana Jacinto na “Publituris”