EXCERTOS DO ARTIGO DE OPINIÃO DE ANA JACINTO NO PUBLITURIS
“(…) Os apoios públicos que sucessivamente têm sido criados para incentivar o investimento e a fixação de empresas nos alegados territórios de baixa que, até se pode entender porque falamos de fundos públicos), o que já tenho dificuldade em aceitar é a desmesurada complexidade e burocracia dos processos, ao que acresce, não raras vezes, uma demora inexplicável na entrega dos apoios que são aprovados.
Aqui chegados, o que devemos então fazer de diferente? Muitos diriam um “choque fiscal”, eu digo uma verdadeira “revolução fiscal”.
Temos de ser capazes de dizer às empresas que estão dispostas a investir nestes territórios e a criar postos de trabalho, que não vão pagar IRC, e os seus trabalhadores não vão pagar IRS. Sei da exigência das contas públicas, e do rigor que temos de ter nestas matérias, mas o retorno que vamos obter no médio prazo, vai certamente justificar um programa com estas características.
Temos assim de parar de desenhar este tipo de incentivos como se quiséssemos que não fossem concedidos.
Temos de assumir de uma vez por todas que, se queremos desenvolver efetivamente estes territórios, temos de dar, para mais tarde receber o retorno que estou certa as empresas vão ser capazes de dar.
Sem empresas não há emprego, não há desenvolvimento, não há atratividade para que as pessoas aí se fixem. São as empresas, e apenas as empresas, que têm a capacidade de criar, direta e indiretamente, as dinâmicas necessárias para que os territórios se desenvolvam.
E para isso, não há melhor do que os setores do Alojamento Turístico e da Restauração.
Acredito que a falta de empresas e de emprego é o que impede as pessoas de verem estes territórios como locais para se viver e criar os seus filhos, porque estes são locais com elevada qualidade de vida, com baixos índices de poluição, com recursos naturais abundantes, com segurança, com menor custo de vida e com melhor conciliação entre vida pessoal e profissional.
E pelo lado das empresas, estas devem ver estes locais como podendo fazer parte do futuro do nosso Turismo. (…)
Um destino inteligente preocupa-se com a melhoria da qualidade de vida dos que nele habitam e aborda dimensões como a inovação, a tecnologia, a sustentabilidade, a acessibilidade e o bem-estar social de quem vive e de quem visita.
Com a pandemia, e com o experienciar do slow living, proporcionado por estes territórios, e que muitos desconheciam, passámos a prestar mais atenção e reconhecimento a estes locais, e por isso é agora, hoje, a altura certa para que as medidas certas sejam tomadas, trocando-se a baixa densidade pela grande oportunidade.”