Sustentabilidade: utopia ou sobrevivência? Congresso AHRESP 2022 responde

Set 30, 2022

A Mensagem do Presidente da AHRESP, Carlos Moura, aos associados foca-se no contexto difícil que vivemos que enquadra o Congresso AHRESP 2022, que decorre já nos próximos dias 14 e 15, em Coimbra: MOBILIZAR os principais atores do ecossistema do turismo, ANTECIPAR os desafios que as empresas enfrentam e EXECUTAR propostas para os problemas identificados são os pilares do mais nobre evento do Calendário da AHRESP neste ano

“Escrevo esta mensagem aos associados da AHRESP a 27 de setembro, data em que se comemora o Dia Mundial do Turismo. A nível global, regressámos à vida normal e o fluxo das viagens aproxima-se a passos largos dos níveis pré-pandemia.

Em Portugal, registaram-se números recorde de hóspedes e dormidas em julho. Todas as estatísticas indicam que este período excedeu as expetativas criadas para 2022 e as receitas criadas pelo turismo vieram revelar que esta atividade, como a AHRESP sempre defendeu, é vital para a economia do país. Já na crise de há uma década o tinha provado e bisou. E porque é uma realidade, ouvimos o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, neste dia, a abrir a VI Cimeira do Turismo, em Lisboa, a destacar a atividade “como um dos motores da economia portuguesa: sem este setor, o país não teria tido a rapidez de recuperação económica que viveu nos últimos meses, pós-pandemia”.

Felizmente que assim é. Mas não nos deixemos enlevar por esta bolha de alta, porque voltamos a vivenciar um quadro de incerteza com o prolongar da guerra na Ucrânia, da crise energética e uma inflação elevada. Cenário que levou o Banco Central Europeu a endurecer a política monetária e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico a rever em forte baixa as suas projeções para o crescimento europeu no próximo ano.

Também as perspetivas de um painel de especialistas da Organização Mundial do Turismo são cautelosas. O ambiente económico incerto contribuiu para a inversão de perspetivas de um regresso aos níveis pré-pandémicos a curto prazo. Cerca de 61% dos especialistas veem agora um potencial regresso das chegadas internacionais aos níveis de 2019 apenas em 2024 ou até mais tarde. E Portugal, pese embora os seus argumentos, como a reconhecida qualidade da gastronomia e vinhos, a arte de bem receber quem nos visita, o património histórico ou a segurança e localização geográfica na Europa, não tem uma vacina de imunidade económica.

O aumento da inflação e o aumento dos preços da energia (gás e eletricidade) resulta em custos de transporte e alojamento mais elevados, os bens alimentares – que são a nossa matéria-prima de eleição – ascendem a preços incomportáveis, enquanto coloca o poder de compra dos consumidores e a poupança sob pressão.

A AHRESP está a realizar novo inquérito às nossas atividades, mas os indicadores preliminares sugerem que as empresas não estão a impactar nos preços ao consumidor o aumento de todos os custos no seu negócio.

E todo este cenário, depois de dois anos e meio de fortes restrições à atividade das empresas da restauração, bebidas e do alojamento turístico. Quem sobreviveu, respirou esta bolha de oxigénio no verão que, embora positivo, não foi suficiente. O outono já está aí e o inverno adivinha-se frio para os negócios HORECA que ainda não sararam os seus problemas de tesouraria, contraíram empréstimos que têm de ser pagos, com faturas de energia, em muitos casos, a triplicar o valor a acrescer a todos os custos já mencionados.

Se o turismo já provou que é um dos principais motores da economia, se somos vitais na dinâmica do país, apostemos antes nos estímulos às empresas do turismo o melhor que formos capazes para que em todas as dimensões – financeira, social, fiscal, económica, ambiental, laboral – sejam efetivamente sustentáveis.

Não queremos ser arautos do pessimismo, mas somos realistas e conhecemos bem a realidade das nossas empresas e empresários que trabalharam arduamente nos últimos anos para se manterem à tona e estarem de portas abertas para receber quem nos visita.

A este cenário acresce a constrangedora escassez de trabalhadores para os negócios do canal HORECA, matéria em que há tanto para fazer na atração e retenção de talento e na dignificação destas profissões que são a alma do turismo nacional. E, fundamentalmente, a garantia de que os nossos turistas são recebidos com a qualidade e o calor de Portugal.

Com o Orçamento do Estado para 2023 à porta, é neste contexto, novamente de incerteza, que realizamos o nosso Congresso AHRESP, com o tema Sustentabilidade: utopia ou sobrevivência? Nos próximos dias 14 e 15 de outubro, em Coimbra.

Teremos duas sessões plenárias e 22 sessões paralelas, contamos com cerca de mil participantes e mais de 60 oradores, nomeadamente especialistas, empresários, políticos, académicos, que irão refletir sobre o futuro próximo e a prazo dos setores de atividade que formam o ecossistema do turismo.

O nosso objetivo é MOBILIZAR os associados, os gestores e stakeholders, o futuro próximo dos negócios perante o contexto complexo que enfrentamos, ANTECIPAR o futuro próximo dos negócios perante o contexto complexo que enfrentamos, e EXECUTAR, ou seja, propor soluções para os problemas identificados. É sob a égide deste trinómio que decorrem os trabalhos para que continuemos a ser o que temos sido: um dos principais motores da economia portuguesa, com solidez e qualidade.

A AHRESP agradece o apoio da Turismo do Centro de Portugal, da Câmara Municipal de Coimbra e do Turismo de Portugal na realização do nosso Congresso em Coimbra. Dirijo também um agradecimento particular a todos os patrocinadores e parceiros que estão connosco e tornam viável implementar a mais nobre iniciativa da nossa Associação em 2022.

Contamos com a sua participação neste evento extraordinário e, juntos, encontraremos as soluções para um presente e futuro sustentável para o turismo nacional e, muito em particular, para as atividades económicas representadas pela AHRESP.”

Carlos Moura

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