“Temos de atuar em três frentes: pessoas, gestão de fluxos turísticos e trabalho em rede”, defende secretária-geral da AHRESP

Mai 15, 2024

O Turismo está bem e recomenda-se, mas há desafios que impõem uma resposta urgente: valorização dos recursos humanos, estratégias de longo prazo, necessidade de trabalhar em rede são alguns dos pontos chave a trabalhar. Estas foram reflexões que saíram do I Fórum nacional da Plataforma Nacional de Turismo (PNT) "Que futuro para o Turismo em Portugal?", que juntou na Universidade de Aveiro Bernardo Trindade, presidente da AHP, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, e Jorge Sampaio, vice-presidente da Comissão Executiva da ERT Centro de Portugal, todos associados fundadores da plataforma

Carlos Costa, presidente da PNT, Bernardo Trindade, presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, e Jorge Sampaio, vice-presidente da Comissão Executiva da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal

Na moderação do evento, que teve como objetivo avaliar e debater os desafios que o Turismo nacional enfrenta para um crescimento sustentável e equilibrado, esteve o Professor Carlos Carlos Costa, presidente da PNT. Pontos fortes, pontos fracos e qual o rumo a seguir para que um crescimento do Turismo nacional foi o mote lançado para reflexão dos convidados.

Bernardo Trindade recordou que em 15 anos o valor das receitas “mais do que quadriplicou –  de seis para 25 mil milhões de euros de receitas anuais – o que revela que, mesmo com uma pandemia pelo caminho, muito se fez pelo turismo nestes anos. O turismo sente-se em todo o país, cria emprego, cria riqueza e não apenas no que é atividade direta, mas com impacto em muitas atividade que alimentam esta indústria. Mas é um facto que tem um peso grande sobre as infraestruturas”.

Ana Jacinto apontou três desafios que carecem de atuação urgente na abordagem ao Turismo sustentável: “pessoas, gestão de fluxos turísticos e trabalho em rede”.

Para a secretária-geral da AHRESP, sendo o Turismo uma atividade de “Pessoas para Pessoas”, há ainda muito por fazer na valorização das profissões, na atração e retenção de talento para combater o fenómeno da “Demissão Silenciosa”. “O salário continua a ser o foco, é muito importante, mas conciliar a vida pessoal com a vida profissional é cada vez mais valorizado pelos trabalhadores e, na minha perspetiva, o Turismo não está a acompanhar este fenómeno. É preciso delinear estratégias para criar um ambiente de trabalho mais favorável para atrair e reter talento nos setores do turismo, sob pena de não termos pessoas para trabalhar”, esclarece ainda.

A secretária-geral defende que esta questão das pessoas cruza com a necessidade de implementar redes colaborativas e deixar de trabalhar de ”costas voltadas”. “Todos temos essa responsabilidade: Estado, sindicatos, associações empresariais, empresas e profissionais.”

Ana Jacinto salientou também a necessidade investir na gestão dos fluxos turísticos de “dar mais território aos turistas. Tem de estar nas nossas mãos ‘manipular’ os nossos turistas para os levar onde queremos de forma a não sobrecarregar território ou infraestruturas. Os meios para o fazer existem, é preciso implementar”. 

Por seu turno, Jorge Sampaio aponta a falta de uma estratégia para o turismo como a maior pecha desta atividade: “É difícil perceber como é que uma atividade que chega a quase 20 por cento do Produto Interno Bruto não tem uma estratégia a 10, 15 ou 20 anos. Independentemente dos ciclos políticos, há que haver um pacto de Regime para se acordar uma estratégia de fundo para áreas estratégicas do nosso país, sendo que o turismo é claramente uma área que não se compagina com estratégias de curto prazo.”

“Turismo está bem, e recomenda-se, mas é imperativo olhar para a realidade micro das empresas”

A terminar a sua reflexão, Ana Jacinto falou ainda da dificuldade que muitas empresas do Turismo, em particular do setor da restauração e similares, ainda atravessam. “O Turismo está bem, e recomenda-se, e esperemos que assim continue, mas é imperativo olhar para a realidade das micro empresas destes setores de atividade que são cruciais para o crescimento sustentável desta atividade”, alertou a secretária-geral da AHRESP.

Sobre a PNT – Plataforma Nacional de Turismo

A Plataforma Nacional de Turismo (PNT) é uma associação, constituída por pessoas, associações empresariais, organizações, empresas e instituições de ensino superior, que, ancoradas numa plataforma cívica, sob a forma de um “think tank”, tem por objetivo trabalhar em conjunto com vista ao desenvolvimento, qualificação e valorização do Turismo em Portugal e além-fronteiras,  e promover a criação de formas de turismo sustentáveis e inclusivas, que contribuam para a promoção da paz, da qualidade e felicidade de vida das pessoas e das comunidades locais.

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