“A nossa proposta era que se reduzisse a taxa reduzida nos serviços de alimentação e bebidas durante um ano para criarmos e retermos tesouraria direta nas empresas. E é nesta fase, em que a faturação é maior, que se justifica ainda mais essa descida: para ter tesouraria para pagar melhor aos seus colaboradores; para investir nas suas empresas, e os investimentos nestas empresas são necessários de forma contínua”
Conforme apurado no último inquérito AHRESP às empresas, em maio de 2022, o impacto da guerra e a pressão inflacionista já atingiu 94% das empresas de restauração e 52% das empresas de alojamento, os custos operacionais aumentaram até 50%, mas o ajuste dos preços de venda não foi acima dos 15%.
À margem da conferência AHRESP Transição Digital: Digitalizar sem Desumanizar, que decorreu em Lisboa a 27 de maio, dia de aprovação do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), Ana Jacinto, Secretária-Geral da AHRESP, lamentou que muitas das medidas sugeridas pela AHRESP não tenham sido acolhidas neste OE2022: “o OE contempla algumas medidas, mas do nosso ponto de vista muito insuficientes e crutas e não vão resolver de maneira alguma os problemas que as empresas estão a sentir perante a pressão inflacionista”.
A diminuição da carga fiscal, sobretudo nos encargos laborais, a redução temporária da taxa do IVA para a taxa mais reduzida, são medidas que na perspetiva de Ana Jacinto, seriam essenciais para as empresas reporem as suas tesourarias perante a procura que “felizmente, está a acontecer”, e que ajudasse a preparar estes negócios para o pós-verão, “que não está assim tão distante”, realça a Secretária-geral da AHRESP.
Assim, considera que “é agora que as empresas precisam de se robustecer. Vem aí o verão, mas logo a seguir o outono e o inverno, que é tradicionalmente uma época baixa. Se as empresas não conseguirem ter uma almofada para se aguentarem, vamos entrar novamente num período péssimo para as empresas”.
“É essencial diminuir diminuição da carga fiscal, sobretudo nos custos laborais: sabemos que um dos problemas que temos é a falta de trabalhadores e este problema não se resolve só numa dimensão. Para conseguirmos remunerar melhor, temos de ter melhor capacidade financeira e essa capacidade não existe porque não temos tesouraria e a carga fiscal é enorme sobre os custos laborais”