O Centro de Congressos de Aveiro acolheu, no dia 11 de novembro, a sexta conferência do ciclo “Construir o Turismo do Futuro”, uma iniciativa nacional promovida pelo Turismo de Portugal. Sob a presidência de Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, e perante uma assistência de cerca de 600 participantes, o evento reuniu intervenientes do setor para recolher contributos para a nova Estratégia Turismo 2035.
Na sessão de abertura da Conferência, moderada pelo jornalista Paulo Baldaia, Pedro Machado esteve acompanhado por Raúl Almeida, Presidente da Turismo Centro de Portugal, Isabel Damasceno, Presidente da CCDR Centro, e José Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro.
Coube ao Presidente do Turismo de Portugal apresentar as linhas mestras da Estratégia Turismo 2035. Carlos Abade destacou o peso crescente do setor na economia nacional, que representa já 16,5% do PIB e 20% das exportações, e lançou dez desafios prioritários para o futuro do setor. Estes incluem, entre outros, o fortalecimento da relação entre turismo e as comunidades locais, o reforço das competências de gestão, o aproveitamento da tecnologia e a promoção de um turismo responsável e inovador.
Seguiu-se o painel “Como responder aos desafios do Turismo?”, em que figuras de relevo do setor partilharam as suas perspetivas sobre os caminhos a seguir. O debate contou com a participação de Carlos Costa, professor da Universidade de Aveiro, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, Célia Gonçalves, do PROVERE Aldeias de Montanha, Pedro Pedrosa, da A2Z, Elsa Marçal, do Convento da Sertã e, em representação da AHP, Alexandre Marto, do Fátima Hotels. Os intervenientes abordaram os desafios que a atividade turística enfrenta e apresentaram algumas pistas para o futuro.
Sustentabilidade, nas vertentes ambiental, social e económica, a tecnologia, a digitalização, a segurança, ou a demografia, foram temas de destaque neste painel. Ana Jacinto acrescentou à discussão mais três tópicos críticos para o Turismo, em particular na região Centro: a mobilidade e acessibilidade, gestão inteligente dos territórios e fixação de empresas e de pessoas nos territórios de baixa densidade.
No que toca à mobilidade e acessibilidade, que a secretária-geral da AHRESP considera “absolutamente cruciais para o território”, foram nomeados os casos “gritantes” da Linha da Beira Alta, parada há três anos, o IC31, que irá ligar as Termas de Monfortinho (fronteira com Espanha) à A23, ainda por construir, e a “vergonha, aventura ou desventura” do IP3.
Apontou ainda a necessidade de fazer uma gestão inteligente dos territórios “e acabar com a perceção de que há excesso de turistas”. Ana Jacinto defende que “não há excesso de turistas, há uma gestão pouco eficiente de fluxos e pessoas concentradas à mesma hora no mesmo local ao mesmo tempo, e para isso há tecnologia adequada”. Na sua perspectiva, trata-se de “dar mais território aos turistas”, matéria para a qual a AHRESP já contribuiu com propostas.
No desafio relacionado com a fixação de empresas e de pessoas nos territórios ditos de baixa densidade, a secretária-geral da AHRESP considera que os fundos e apoios disponíveis são “curtíssimos, complexos e muitos poucos ágeis”. Defende, por isso, um choque fiscal profundo, que exonere as empresas e trabalhadores de pagamento de IRC e IRS, respetivamente, para que as empresas se possam fixar com apoios reais e impactantes.
(Oiça, na íntegra, a intervenção de Ana Jacinto)
A encerrar a conferência, Pedro Machado sublinhou que a estratégia que está agora a ser construída não se esgota no ciclo de conferências e recordou os dez principais ativos estratégicos do país: Clima e Luz; Natureza; História, Cultura e Identidade; Mar; Água; Gastronomia e Vinhos, Eventos Artístico-Culturais, Desportivos e de Negócios; Bem-Estar; Living; e um ativo transversal a todos os anteriores, que são as Pessoas.
Depois de Aveiro, este ciclo termina com a sessão de Faro, dia 25 de novembro, no Grande Auditório da Universidade do Algarve.
No final, este périplo terá percorrido as sete regiões turísticas do país, de forma a contar com a maior participação possível das entidades públicas e privadas que queiram ter uma palavra a dizer na definição das prioridades para o setor do turismo.