VEJA A ENTREVISTA COMPLETA A RITA MARQUES AQUI
Tendo como referencial o ano de 2019, o turismo nacional bate recordes em 2022: em receitas, em dormidas. Notícias excelentes para a atividade mais afetada pela pandemia e que alcança o estatuto de “motor da economia nacional”, unanimemente reconhecido por todos os players, inclusive pelo ministro da Economia: “O turismo deve servir de exemplo para formatar outros setores da economia”, afirmou António Costa Silva durante o Congresso AHRESP 2022.
De acordo com a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), entrevistada pelas jornalistas Rosário Lira e Rosália Amorim em sessão plenária do evento, “2022 tem sido um ano revigoroso no que toca à economia portuguesa, 49% do nosso PIB depende das nossas exportações, sendo certo que deste ‘bolo’, 20% vêm do turismo. Ainda assim, resistirão as empresas dos setores do ecossistema do turismo à conjuntura económica difícil e cenário de guerra que coloca previsíveis desafios aos próximos seis meses? É preciso não esquecer que os negócios HORECA têm uma bagagem de dois anos com muitas restrições à atividade, de endividamento e sede de capitalização.
A SETCS garante que o Governo tem vindo “a monitorizar com muita atenção os rácios económicos das nossas empresas, desde o grau de autonomia financeira, endividamento e verificamos naturalmente uma deterioração dos balanços das empresas e da demonstração de resultados nos anos de 2020 e 2021, mas essa deterioração dos balanços não foi tão impactante como inicialmente estimaríamos”. Dados que, antecipa, irão ser comunicados dentro em breve.
Rita Marques crê que “a complexidade” irá marcar a economia nacional 2023, e que há dois desafios particulares que o turismo irá enfrentar: “um abrandamento da procura do mercado externo e interno, e o aumento dos custos da energia e matérias-primas, mas acreditamos que vamos continuar a crescer em valor, em receita turística. O setor tem um objetivo claríssimo que é atingir os 27 mil milhões de euros em 2027“. E reforça: “Para atingirmos esse objetivo em 2027, temos que crescer, em termos médios, 10% ao ano. É ao que nos propusemos e é nesse objetivo que vamos estar focados também em 2023”.
Para não comprometer o ano de 2023 nesta ambição de crescer em média 10% ao ano, Rita Marques reforça algumas das medidas dirigidas às empresas, no âmbito do Programa Reativar Turismo, a resposta do governo à ausência de medidas específicas para o Turismo no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência). “São 6,1 mil milhões de euros, em que uma das frentes é dirigida às empresas: portanto, em 2023 iremos lançar várias linhas de financiamento não só para aliviar a pressão da tesouraria, mas também para criar condições para o investimento”, garante a governante.
Quanto ao facto de o Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) não ter acolhido muitas das 25 medidas propostas pela AHRESP, Rita Marques justifica que este foi “o orçamento possível, sendo que o governo já tornou público que, face ao clima de incerteza, vai continuando a olhar atentamente para a situação específica ao longo do ano de modo a poder corrigir, reforçar, intensificar algumas medidas que se afigurem oportunas para garantir que todo o esforço feito durante a pandemia não seja desperdiçado”.
Admitindo que as perspetivas não são animadoras para 2023, com o aumento dos custos galopantes, dando como exemplo, aumento da energia na ordem dos 275%, dos quais os apoios previstos no OE2023 cobrem apenas 30%, afirma que haverá “espaço para negociar, à semelhança do que aconteceu durante a pandemia em que esse diálogo aconteceu sempre com o setor. E o turismo sobreviveu, mais do que sobreviver, está a liderar”.
Neste contexto, Rita Marques considerou a reposição do IVA das bebidas na taxa intermédia uma medida “positiva para as empresas”. Compete agora às associações empresariais apresentarem as suas propostas, referiu, dando conta que “é uma conversa a ter com ministério das Finanças”.