NEGÓCIOS | AHRESP associa quebra no emprego a dificuldade em contratar

Ago 12, 2024

De acordo com os mais recentes dados do INE, alojamento e restauração foram os setores que registaram maior quebra no emprego, o que a AHRESP atribui às dificuldades em contratar. Em declarações o "Negócios", a secretária-geral da associação aponta a "redução dos impostos e contribuições sobre os rendimentos do trabalho, seja sobre as empresas (TSU), seja sobre os trabalhadores (IRS)", como uma das medidas mais relevantes para combater a falta de trabalhadores nestes setores de atividade

O setor do alojamento e restauração destacou-se nos dados sobre emprego por ter registado a maior quebra em termos homólogos. “Não conseguimos encontrar trabalhadores”, justifica Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou na semana passada que num cenário de emprego recorde, essencialmente puxado pelos serviços (na indústria caiu e na construção estagnou), o alojamento e restauração não só foi exceção como foi o que registou a maior quebra homóloga: 9,1% ou menos 31 mil empregos em termos líquidos.

Em resposta às questões colocadas pelo Negócios a propósito desses últimos dados, a secretária-geral da AHRESP começa por referir que a quebra se registou “tanto na restauração como no alojamento”. E que, embora antecipe uma recuperação no terceiro trimestre, reclama medidas para colmatar “a permanente ausência de pessoas para trabalhar” no turismo. “Mesmo com o aumento dos salários que temos vindo a levar a cabo nos últimos anos, e que é necessário continuar, não conseguimos encontrar trabalhadores”, refere. “A dificuldade para a contratação de trabalhadores imigrantes também não está a ajudar”.

Descrevendo as dificuldades criadas às empresas pela pandemia (que afetou estas atividades “como mais nenhuma”), pela inflação alimentar (que “esmagou” as margens) e pela subida das taxas de juro (que provocou uma “redução da procura” na restauração), Ana Jacinto sustenta que “mais do que qualquer apoio, do que precisamos mesmo é de uma revisão em baixa da carga fiscal”.

“A redução dos impostos e contribuições sobre os rendimentos do trabalho, seja sobre as empresas (TSU), seja sobre os trabalhadores (IRS), é uma das medidas mais relevantes para combater a ausência de trabalhadores, mas também existem outras matérias inerentes às nossas atividades que têm de ser melhoradas”.

Em causa está a organização dos tempos de trabalho , que “tem afastado muitos trabalhadores”. “Não é de fácil resolução, porque são setores que trabalham 365 dias por ano e nos períodos em que a generalidade das pessoas está em lazer”. Segundo refere, está a ser feito um esforço na negociação coletiva.

[in NEGÓCIOS, 12.08.2024]

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