Conferência Mercado de Trabalho | Conclusões

Mai 3, 2022

Campanhas de valorização das profissões, ações de formação, redução da carga fiscal, agilização do estatuto de imigrante são algumas da ações-chave para combater a escassez de pessoas para trabalhar no turismo.

Decorreu a 20 de abril conferência AHRESP ‘Mercado de Trabalho: Que profissionais teremos amanhã?’ no Salão Nobre da Alfândega do Porto. Empresas, especialistas, decisores, mas também estudantes e futuros trabalhadores juntaram-se para debater temas como Práticas no Mercado de Trabalho europeu; Como Atrair e Reter Profissionais; ou os Condicionalismos na Contratação.

Entre painéis tão diversificados num dia de debate intenso, emergiu a necessidade de várias iniciativas decorrerem em paralelo para mitigarem a escassez de trabalhadores nos setores da restauração e similares e do alojamento turístico. Há que recordar que estes segmentos do turismo foram dos mais impactados com a pandemia COVID-19, caindo o seu peso no PIB de 8,6 % em 2019 para uma estimativa de 4,7 % em 2021.

Um cenário negro para um dos setores de atividade que mais empregou em Portugal. De toda a forma, este não é um problema única e exclusivamente decorrente dos condicionalismos à atividade impostos pela pandemia: em 2019, AHRESP já tinha identificado a falta de cerca de 40 mil trabalhadores nestes setores, em Portugal. A situação agravou-se e a níveis preocupantes de comprometimento da oferta: dados oficiais confirmam que, em 2021, o canal HORECA perdeu 76.300 trabalhadores face a 2019, com menos 16.100 trabalhadores no alojamento turístico e menos 60 200 na restauração e similares

Perante uma escassez generalizada de trabalhadores disponíveis para exercer atividade no nos setores HORECA de natureza conjuntural, mas também estrutural, problema que é transversal à Europa; considerando que na base da escassez da oferta estão vários fatores que devem merecer atenção, mas sobretudo intervenção, a AHRESP retirou nove conclusões, após a análise dos contributos dos diversos especialistas na conferência ‘Mercado de Trabalho: Que profissionais teremos amanhã?, que o Magazine de Negócios AHRESP sintetiza neste artigo.

9 conclusões da ‘Conferência Mercado de Trabalho: Que profissionais teremos amanhã?’

Ana Jacinto, Secretária-geral da AHRESP faz a análise de um dia de debate intenso e a leitura das principais conclusões da Conferência do Mercado de Trabalho

 

  1. As empresas do Alojamento Turístico e da Restauração e Bebidas devem procurar empreender estratégias criativas para atrair e reter profissionais, que devem ir para além da retribuição e que podem passar por sistemas de avaliação, práticas de reconhecimento, garantias de progressão na carreira e a uma melhor conciliação entre vida profissional e vida familiar;
  2. O valor da retribuição deverá ter sempre em consideração os ganhos de produtividade, fruto do desempenho individual do trabalhador, mas também do desempenho coletivo ao nível de toda a estrutura empregadora;
  3. Criação de um ambiente mais favorável ao funcionamento das empresas, nomeadamente por via da redução de encargos fiscais, nomeadamente aqueles diretamente relacionados com o trabalho;
  4. Uma melhor e mais adequada gestão da organização do tempo de trabalho é um fator que gera maior produtividade, o que aumenta a disponibilidade financeira para que as empresas possam proporcionar melhores condições de trabalho;
  5. Devem promover-se iniciativas e mecanismos ao nível da dignificação e da valorização das profissões, para o que pode contribuir uma redenominação das categorias profissionais e uma adequação dos seus conteúdos funcionais, por forma a adequá-los à realidade atual e às exigências das nossas atividades;
  6. É urgente uma aposta séria e estruturada na qualificação dos trabalhadores do turismo, promovendo-se um sistema de ensino dual, complementando a aprendizagem com a experiência prática;
  7. Desenvolvimento e implementação de um programa de formação de início de carreira, de curta duração, para as categorias profissionais mais carentes de mão-de-obra qualificada e que, desta forma, facilitem o acesso à profissão. Estas formações devem ser divulgadas e promovidas junto de desempregados e de ativos de outras áreas de atividade que desejem iniciar uma carreira nas empresas de Alojamento Turístico e de Restauração e Bebidas;
  8. A imigração pode e deve ser encarada como fazendo parte da solução, desde que de forma organizada e com garantia de condições dignas, de trabalho e de vida. Para isso, o poder público deverá ainda rever os atuais mecanismos de legalização para trabalhadores por conta de outrem e de reconhecimento de habilitações, que devem ser agilizados;
  9. Elaboração de um “Livro Verde do Mercado do Trabalho HORECA”, para, de forma clara e precisa, se identificar as atuais carências do Mercado, quer em termos de quantidade de recursos humanos, quer em termos da sua qualificação, pois só desta forma é possível identificar as melhores e mais adequadas soluções.

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